Pulverização do voto das igrejas pode ter causada a derrota de Odécio nas urnas. Foto: CMFor.

Alguns vereadores de Fortaleza ainda estão surpresos e indignados com a quantidade de votos que receberam e que, no fim das contas, fez com que eles não fossem reeleitos para a próxima Legislatura. Há caso de parlamentar que obteve a metade da votação que obteve em 2016, e até quem encolheu três vezes a quantidade de sufrágios obtidos em apenas quatro anos.

A redução mais significativa, de acordo com dados disponibilizados pela Justiça Eleitoral, é do vereador Odécio Carneiro (SD), que em 2016 obteve 7.877 votos e no domingo passado, ao apurar o resultado das urnas, observou, não tão surpreso, apenas 2.671 sufrágios, três vezes menos do que recebeu no pleito municipal de quatro anos atrás.

O parlamentar já sentia que teria uma redução no número de eleitores por alguns fatores. Primeiro, a candidatura majoritária, de Heitor Férrer (SD), que não decolou como os candidatos queriam. Segundo, e o mais importante, pela pulverização do voto evangélico, que ajudou o parlamentar a se eleger em 2016.

Odécio Carneiro teria entrado em conflito com algumas lideranças evangélicas, e pastores retiraram o apoio a ele. O resultado foi uma votação pífia, a menor entre os parlamentares da atual Legislatura na Câmara Municipal de Fortaleza.

Carneiro foi eleito levantando a bandeira da austeridade, do menor custo com o dinheiro público, e não quis receber recursos oriundos da Verba de Desempenho Parlamentar (VDP) e contratou o menor número de assessores para seu gabinete. Aparentemente, o eleitorado pouco se importou com as medidas moralizadoras do parlamentar. Pelo menos, os números mostram isso.

Ao Blog do Edison Silva, uma semana antes do pleito deste ano, 15 de novembro, o vereador demostrou preocupação em não ser reeleito e citou a pulverização do eleitorado evangélico como principal motivo para redução de votos. Segundo ele, quando um membro da igreja era eleito isso dava margem para que outros entrassem na vida pública.

“Eu acho que se pulverizou muito o voto evangélico. Um irmão olha que o outro se deu bem na disputa e pergunta por que ele não pode. Aí ele vai tentar também”, disse. Esse foi o mesmo pensamento confessado por Mairton Félix (PDT) ao Blog do Edison Silva. Assim como Odécio, Félix é do segmento evangélico e também não foi reeleito.