O governador Camilo Santana entregou a cada um dos deputados estaduais de sua base aliada cópia deste documento com todas as informações sobre os investimentos em Segurança Pública e as simulações do aumento para os policiais cearenses. Foto: Blog do Edison Silva.

O Estado do Ceará é, desde o final da década de 1980, uma das unidades da federação mais bem geridas. Começou com o hoje senador Tasso Jereissati (PSDB), a partir de março de 1987, no seu primeiro mandato de governador (ele foi eleito pelo PMDB), seguido por Ciro Gomes (PDT), na época filiado ao PSDB; novamente Tasso, duas vezes seguidas; Lúcio Alcântara, quando era do PSDB, Cid Gomes (PDT), mas também foi do PSB, e hoje Camilo Santana (PT).

Administrativamente, reconheçamos, o Ceará evoluiu consideravelmente. Financeiramente tem uma situação exemplar. Mas isso não significa dizer que esteja experimentando momento de desaperto. Ao contrário, apesar dos discursos otimistas que levam à falsa ideia de riqueza, com abundância de dinheiro, tudo está no devido limite. Qualquer pequena concessão ou facilidade pode comprometer todo o equilíbrio fiscal até aqui conquistado.

No ano passado, como aqui já registramos, o erário estadual deixou de arrecadar mais de R$ 1,5 bilhão. O déficit previdenciário foi um pouco superior. Foram gorduras queimadas. Nada porém garante, embora sintamos melhoras, que neste ano a situação econômica nacional permita o Ceará recuperar suas finanças. Os governistas, com razão, claro, ressaltam ser este Estado um dos poucos da Federação que pagam em dia os seus servidores, embora seja isto uma obrigação do gestor responsável. Enfatizam, também, o volume de investimentos necessários ao seu desenvolvimento e a geração de riquezas, sem mencionarem, para ser mais verdadeiros, que isso vem sendo feito por conta dos empréstimos, internos e externos, conseguidos – é imperiosa a afirmação – por conta do equilíbrio de suas contas.

Os policiais, em comparando com integrantes de outras categorias, realmente não têm boa remuneração. Um Coronel, assim como um Delegado da Polícia Judiciária, e outros do mesmo nível, por exemplo, deveriam ter remuneração semelhante a de um Promotor de Justiça, partindo daí o escalonamento até chegar no Praça. O professor deveria ganhar bem melhor, o médico, idem, e tantos outros profissionais que as atividades exigem qualificação. Mas o Estado não tem recursos para pagar bem a todos os seus servidores, como estes sempre estão a reclamar, gerando, dessa forma, as exceções, cujos salários, subsídios, ou remunerações, se tornam discrepantes em relação a maioria dos que prestam serviços à sociedade.

Os cearenses, os mais interessados na boa prestação dos serviços públicos do Estado, notadamente as partes diretamente envolvidas na discussão da nova remuneração do pessoal da Segurança Pública, precisam despojarem-se dos sentimentos menores, focarem na realidade do caso: remuneração baixa do pessoal, o espelho financeiro do Estado, situação das outras categorias funcionais menos expressivas em termos de força de pressão, e encontrarem o denominador comum, não o da vantagem pessoal, mas o da satisfação da população cearense, pagadora e usuária dos serviços de todos os remunerados pelo erário estadual.

O Governo, exceção de alguns dos comandantes da área de Segurança, inábeis e vaidosos, tem feito a sua parte na busca de esclarecer a realidade, embora louvando-se das ações realizadas na área ao longo dos últimos cinco anos. O volume de recursos investidos é expressivo, inclusive em pessoal, embora não propriamente nos soldos, pois foi aumentado significativamente o número de atores. Era preciso fazer. A insegurança, não apenas no Ceará, preocupa a todos os humanos. Enfim, a proposta do Governo para melhorar o holerite do pessoal da Segurança, não é o ideal, mas parece ser responsável, como devam ser todas as ações governamentais, além de estar compatível com a realidade dos outros estados da Região Nordestina.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre o assunto: