A vereadora Adriana Nossa Cara (PSOL), na sessão desta quarta-feira (27) da Câmara Municipal de Fortaleza, lamentou por não ter conseguido nove assinaturas para referendar o recurso contra a decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, que arquivou a representação do PSOL pedindo a cassação do mandato do vereador Ronivaldo Maia (PT), acusado de tentativa de feminicídio.
O prazo de duas sessões ordinárias, contadas a partir do recurso, proferido no último dia (12), encerrou-se nesta quarta-feira. Quatro edis – Adriana Nossa Cara (PSOL), Gabriel Aguiar (PSOL), Guilherme Sampaio (PT) e Larissa Gaspar (PT) assinaram a favor do documento de apelação.
“Isso acaba só perpetuando a prática e, ainda, esta Casa Legislativa autoriza que violadores, agressores de mulheres, estejam no exercício do mandato. Na nossa opinião, é incompatível que um agressor de mulheres ocupe o Parlamento, receba dinheiro público, estando sendo processado judicialmente por esta má conduta”, disse a socialista ao Blog do Edison Silva.
Ela, no Plenário Fausto Arruda, deixou claro seu descontentamento e apontou que foi uma das “maiores vergonhas” da história da Câmara, pelo fato dos edis não terem “virado as costas” ao problema.
Logo após o término do discurso de Adriana, o 1° vice-presidente da CMFor, Adail Júnior (PDT), pediu que a edil respeitasse a Casa e não usasse um colega parlamentar como “escada” e falou para “não ser usado” o nome dele. Ele sentiu-se ofendido pela generalização feita pela socialista.
Veja trecho da sessão da Câmara de Fortaleza:
Por fim, Adriana lamentou que as mulheres vereadoras da Casa tenham de conviver no exercício do mandato com um agressor. Lembrando: com exceção de Larissa Gaspar e Adriana Nossa Cara, nenhuma outra parlamentar do sexo feminino assinou o recurso.
São nove vereadoras as legisladoras na Capital.
Manifestações
A respeito do tema, um grupo de mulheres ocupou uma das galerias da Câmara Municipal de Fortaleza protestando contra a decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa. Elas empunhavam cartazes com os escritos “Cassação Já”, “Machismo Mata”, “Basta de Violência contra a Mulher”, além de um manifesto contra a não cassação do petista.
Uma das manifestantes, Daniela Silva, coordenadora municipal do Movimento Negro Unificado de Fortaleza, a questão envolvendo Ronivaldo envergonha as mulheres e a Câmara “se respalda por uma justificativa da Comissão de Ética”.
“Infelizmente, no Brasil, as questões acontecem de fora para dentro. Queremos que os vereadores e vereadoras daqui assumam um compromisso ético e político em defesa das mulheres”, bradou Daniela.
Uma outra militante demonstrou ao Blog sua insatisfação quanto ao Regimento Interno, dizendo que é “atrasado” e abre espaço para deixar impune situações como a de Ronivaldo.