A defesa de candidatura própria tem sido levantada pelos deputados José Airton Cirilo e Luizianne Lins. Para os dois, uma postulação da legenda é algo praticamente irreversível. Foto: Divulgação.

Tese até pouco tempo defendida por uma minoria dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará, a possibilidade de candidatura própria ao governo do Estado parece que tem ganhado fôlego nas últimas semanas, principalmente, após ataques perpetrados pelo líder do PDT, Ciro Gomes, a lideranças petistas, dentre elas os ex-presidentes Lula e Dilma.

De acordo com o deputado estadual Acrísio Sena, a legenda deve discutir essa tratativa, bem como o apoio a uma candidatura pedetista até o Encontro de Tática Eleitoral marcado somente para julho de 2022.

“Os debates internos fazem parte da história e da vocação democrática do PT. Hoje, há duas teses: a da manutenção da aliança com o PDT e uma de ter candidatura própria, o que só será definido no Encontro de Tática Eleitoral próximo, em julho de 2022. É um direito do PT e de seus filiados”, disse o petista.

No entanto, ele ressaltou a necessidade de se discutir as melhores possibilidades não para os partidos, mas para o Estado. Segundo disse, não se trata de discutir nomes do PT ou PDT, mas o perfil de um candidato e o projeto que se tem para o Ceará. “A grande questão – diante do avanço do bolsonarismo – é qual opção significa fortalecer uma ampla frente democrática em defesa da Constituição e do Estado Democrático de Direito, em defesa do Brasil”, pontuou.

Ao mesmo tempo, o parlamentar destaca que é preciso se perguntar o que é mais importante para o Ceará. “É dar continuidade à aliança, que vem desde 2006, com 8 anos de Cid, que avançou bastante em várias áreas – notadamente na educação –, seguido de Camilo, que é hoje uma referência em políticas públicas que abraçaram a população mais vulnerável, mesmo atravessando graves crises, como a seca, o motim policial e a pandemia? Ou ter candidatura própria? Temos que debater isso com muita calma. Temos tempo para chegar às melhores alternativas”, concluiu.

Aliança

A defesa de candidatura própria do PT tem sido levantada pelos deputados José Airton Cirilo e Luizianne Lins. Para os dois, uma postulação da legenda é algo praticamente irreversível. “Eu e Luizianne temos conversado bastante com o presidente Lula e também entre nós. Estamos envolvidos no mesmo projeto, não há vaidade de quem deverá disputar o Governo do Ceará. Precisamos construir um palanque leal e forte para o presidente Lula”, disse José Airton, que, com Luizianne, têm menos de 20% dos votos do diretório estadual, instância responsável pela decisão final de ter ou não candidato a governador.

Na semana passada, Luizianne Lins disse ter estado com Lula e pautou a necessidade de se discutir uma candidatura própria do partido. Segundo ela, o ex-presidente da República teria dado aval para que os parlamentares petistas dessem prosseguimento ao debate sobre o tema. O Blog do Edison Silva procurou o deputado José Nobre Guimarães, que é defensor da aliança PT e PDT, para se pronunciar sobre o assunto, mas ele disse, através de sua assessoria, que não tinha interesse em falar a respeito.