Lula diz que o país precisa combinar metas de inflação com oferta de crédito, crescimento e empregos. Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (26), que a política de valorização do salário mínimo será mantida, e não será alvo de nenhuma política de “corte de gastos” para equilibrar as contas. Da mesma forma, assegurou que a fórmula de reajuste do salário mínimo – repasse da inflação do ano anterior e da variação do PIB de dois anos antes – segue valendo inclusive para os Benefícios de Prestação Continuada (BPC) e pensões.

“Garanto que o salário mínimo não será mexido enquanto eu for presidente da República. Quando você aumenta o salário mínimo, o que diz a lei que regulamenta ao aumento do salário mínimo? Você tem sempre que colocar a reposição inflacionária porque é para manter o poder aquisitivo. E nós damos uma média do crescimento PIB dos últimos dois anos. O crescimento do PIB é exatamente para isso, pra você distribuir entre os 200 milhões de brasileiros. E eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos. Não posso penalizar”, afirmou o presidente.

Em entrevista aos jornalistas Leonardo Sakamoto e Carla Araújo, do portal UOL, o presidente da República voltou a classificar a políticas de juros mantida pelo Banco Central (atualmente em 10,5% ao ano) como inadequadas para a inflação (3,9%). Lula disse que conversou com o diretor do BC Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para compor o Conselho de Política Monetária (Copom). E informou que a conversa reiterou o apoio do governo à manter a meta contínua da inflação.

“Não haverá desvinculação de BPC e pensões do mínimo, porque não considero isso corte gastos. A palavra salário mínimo é o mínimo minimório que uma pessoa precisar para sobreviver. Se eu acho que eu vou resolver o problema da economia apertando o mínimo do mínimo, estou desgraçado, não vou pro céu, eu ficaria no purgatório”, destacou, estendendo a lógica do reajuste também para BPC e pensões.

Mas que o país precisa combinar metas de inflação com outras, de crédito, de crescimento econômico, de criação de empregos. E observou que todos os indicadores socioeconômicos do país estão melhorando desde o início do ano passado graças a uma série de medidas adotadas, como o Novo PAC, e que ainda estão começando a dar resultados, restaurando a credibilidade e a disposição de investimentos do setor privado – o que tem refletido no aumento da renda e dos empregos.

Na entrevista, Lula responde a perguntas sobre o PL do aborto, a descriminalização do porte de maconha por usuários, o jogo de alianças para conseguir governar com minoria no Congresso. Comentou também as denúncias de corrupção e a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro vir a ser indiciado. Disse que defende a presunção de inocência e que ninguém pode ser condenado antes de exercer seu direito de defesa. E citou possíveis nomes que estariam no páreo para representar a direita na eleição de 2026 caso a inelegibilidade de Bolsonaro seja confirmada.

Imposto de renda

Em relação ao imposto de renda, o presidente anunciou uma significativa isenção para a população. “Isentamos de pagar imposto de renda até R$ 2.640 e vou chegar a R$ 5.000. É importante lembrar que tenho um compromisso histórico, até o final do meu mandato eu vou chegar até 5 mil sem pagar imposto de renda”, afirmou, reiterando seu compromisso de aliviar a carga tributária sobre os trabalhadores.

Combate à Inflação

O controle da inflação também foi um tema abordado com ênfase. “Nós vamos cuidar da inflação. Eu vivi inflação de 80% e eu recebia salário e se eu não gastasse aquele dinheiro no dia, ele perdia valor no dia seguinte. Então, pra mim inflação é quase que uma opção divina, eu quero cuidar de controlar a inflação porque eu quero que o povo tenha o direito de comer do bom e do melhor e o mais barato possível”, relatou o presidente, expressando sua determinação em manter a inflação sob controle para garantir o poder de compra da população.

Sucessão no Banco Central

Sobre a sucessão no Banco Central, o presidente elogiou Gabriel Galípolo, porém destacou que não está pensando nisso no momento. “O Gabriel Galípolo é muito preparado, mas não estou pensando nisso agora. Eu não indico presidente do Banco Central para o mercado. Indico para o Brasil. Precisamos de um país do ganha-ganha para todo mundo, não só o mercado ganha”, enfatizou.

O presidente também ressaltou a importância de um Estado que promova o crescimento econômico. “Nós não precisamos de um Estado empresarial, mas precisamos de um Estado indutor do crescimento”, disse. Ele destacou ainda a necessidade de se preocupar com os mais vulneráveis: “Você acha que tem alguém na Faria Lima que está pensando no cara que está dormindo debaixo do viaduto? Eu estou. É preciso garantir que todas as pessoas tenham condição de viver com dignidade.”

Fonte: Agência Gov