Dados apresentados por Adriana não convenceram Lúcio Bruno, que critica a falta de criação de novas escolas estaduais em Fortaleza. Foto: CMFor

A disputa de narrativas entre o prefeito Sarto e o governador Elmano de Freitas pode ser refletida em pronunciamentos na Câmara Municipal de Fortaleza. De um lado, os aliados do chefe do Executivo Municipal, que fazem uma oposição ao Governo do Estado, e do outro os oposicionistas da gestão da Capital cearense, que enaltecem e defendem a administração petista no Ceará.

Um ponto que tem sido levantado nas últimas duas semanas diz respeito à quantidade de vagas oferecidas pelo Governo do Ceará para alunos oriundos das escolas públicas municipais com destino ao ensino médio,na rede pública do Estado. O vereador Lúcio Bruno (PDT), um dos principais críticos do Governo Elmano na Câmara de Fortaleza, denunciou que quase nove mil alunos estariam fora da sala de aula por falta de matrículas nas escolas estaduais.

Depois de uma semana de espera, a vereadora Professora Adriana Almeida, do PT, apresentou dados, mostrando que esse número é bem menor, e que os números refletem a situação de alunos que se evadiram da sala de aula e não da falta de vagas no ensino médio. Ela disse que ao menos 39 escolas em tempo integral estariam em construção ou em fase de licitação em Fortaleza e chamou as afirmações de Lúcio Bruno de “irresponsáveis”.

Segundo Almeida, no mês de maio foram identificados pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) pouco mais de 3 mil alunos que deixaram de se matricular na rede pública do estado, apesar de a vaga estar garantida. “Todo aluno tem direito à educação e essa matrícula está garantida. A Seduc faz uma busca ativa, liga, vai na casa e a gente faz um apelo para que todos os alunos que não efetivaram a matrícula, que busque, porque essas matrículas existem”, disse.

Conforme informou, pelo menos 11 escolas estariam em estágio de reconstrução ou inauguração, outras duas concluídas e não inauguradas, um em construção, 10 em execução, 11 a licitar e outras quatro de modelo vertical em processo licitatório. “Espero que a gente faça uma discussão honesta sobre a educação. Dizer que a rede estadual falta quase 9 mil vagas é muito irresponsável. Isso mexe com o direito básico, que é a educação”.

As explicações de Adriana não convenceram Bruno, que aponta a falta de construção de novas escolas de ensino médio em Fortaleza. “Queria falar para as mãezinhas, que não conseguiram vagas para seus filhos no ensino médio, que o Governo Elmano diz que tem vaga sobrando. O levantamento que eu apresentei foi feito pela Secretaria Municipal de Educação. Como o governador diz que tem vaga sobrando, quero comunicar às mãezinhas que vá à Secretaria de Educação do Estado, porque tem vaga sobrando”.

Integral

Ele, porém, dobrou a aposta e afirmou que há mais de 12 anos que o Governo do Estado não constrói uma nova escola em Fortaleza, e tem transformado muitas em ensino de tempo integral, o que reduziria o número de vagas para novos alunos. “76% das escolas são em tempo integral. Se reduz pela metade o número de matrículas e vem dizer que tem vaga sobrando. Queria entender essa mágica em que você pega uma escola com 2 mil alunos nos dois turnos, transforma em tempo integral, onde vai comportar os alunos que saem do ensino fundamental?”, questionou.

Ainda de acordo com o aliado do prefeito Sarto, em Fortaleza cerca de 64% das escolas da Prefeitura são no estilo integral, mas isso só foi possível graças à construção de novas escolas. “Mais de 80 novos centro infantis. Aí, sim. Agora, pegar uma escola em tempo parcial e transformar  em tempo integral, qual a mágica?”, pontuou.