A união da empresa cearense Hapvida com a paulista NotreDama Intermédica ocorreu no ano de 2022. Foto: Reprodução/ Institucional

Não é de hoje que a empresa Hapvida é destaque na mídia por irresponsabilidade e reclamações em seu desempenho como operadora da saúde no Brasil. Seja nos atendimentos direto com o cliente ou com improbidade na área financeira. Os casos infelizes se intensificaram após a fusão da empresa com a NotreDame Intermédica.

Na última sexta-feira (19) o jornal o Estadão publicou um levantamento feito com informações do Foro Central Cível do aumento de casos judiciais que o grupo teve no ano de 2022.

Hoje as duas operadoras, que seguem com seus clientes em separado, se tornaram o maior grupo de operadoras de saúde do país. Juntando as duas e empresas de menor porte que fazem parte do grupo, são mais de 9 milhões de clientes.

O aumento dos casos de descumprimento ocorreu após a fusão das operadoras Hapvida e NotreDame Intermédica, em 2022, e coincide com o período em que a companhia enfrentava situação financeira desfavorável e pressão dos investidores pela redução de custos e da sinistralidade, que é o percentual de gastos assistenciais sobre o valor arrecadado com as mensalidades.

De acordo com a pesquisa o número de ações contra a NotreDame no Estado de São Paulo subiu 56,9% entre 2022 e 2023, passando de 4.578 para 7.183 no período, maior alta entre as cinco maiores operadoras do País.

As reclamações protocoladas na Agência Nacional de Saúde (ANS) contra as duas operadoras também cresceu acima da média do setor nos últimos anos. Segundo dados da agência, o quantidade de reclamações referente a problemas de cobertura de procedimentos subiu 633,9% no caso da NotreDame e 490,4% para a Hapvida entre 2019 e 2023. Ambos os índices são superiores aos 217,6% de crescimento no número total de reclamações registradas contra planos de saúde no período.

Com o cenário, juízes vem determinando aumento de multas, bloqueio judicial de valores e abertura de inquéritos contra a companhia pelo crime de desobediência, que pode ser punido até com a detenção de diretores da empresa. Alguns juízes tratam o descaso do grupo utilizando os termos ”ouvidos mocos” e ”dar de ombros” nos seus autos.

Milhares de casos não são resolvidos pelo grupo, o que levam a morte de vários pacientes. Um dos casos que só foi resolvido parcialmente, por que viralizou nas redes sociais, foi da jovem estudante de medicina Maria Paula Sabbion, de 23 anos diagnosticada com linfoma de Hodgkin em 2022, ela teve que entrar com um pedido de liminar para que a NotreDame arcasse com as 16 sessões de quimioterapia. O juiz deferiu o pedido em 1º de novembro de 2023 para cumprimento em até cinco dias, mas, até o dia 16/11/23, a empresa seguia ignorando a decisão, o que levou a jovem a publicar um vídeo denunciando a situação em suas contas no Instagram e TikTok. Após o vídeo, que teve mais de um milhão de visualizações, e da jovem ter ameaçado levar seu caso para repercutir na mídia, através da BandNews, foi que a empresa autorizou 4 sessões de quimioterapia.

Confira vídeo da paciente oncológica no Tiktok

Histórico 

Antes da fusão, Hapvida era líder no Norte e Nordeste, e a NotreDame, no Sudeste. As duas têm foco em clientes com menor poder aquisitivo (a média da mensalidade é de R$ 220) e ficaram conhecidas por investir em rede própria de atendimento e usar estratégias agressivas de compra de concorrentes locais.

Por trás da Hapvida está um dos homens mais ricos do Brasil, o oncologista Candido Pinheiro Koren de Lima, de 74 anos, que está na lista da Forbes ‘Bilionários do Mundo 2021‘, com sua fortuna estimada em US$ 4 bilhões.

Em 1979, ele fundou em Fortaleza- CE a Clínica Antônio Prudente, que em 1993 se tornaria uma operadora de planos de saúde. Em 2018, anunciou abertura de capital na bolsa de valores.

Já a NotreDame foi criada pelo médico Paulo Sérgio Barbanti em 1968, em São Paulo. Ao longo do tempo, a empresa fez uma série de fusões e, em 2014, passou a ser gerida pelo fundo norte-americano Bain Capital.

Com informações do Estadão e Repórter Brasil