Discussão sobre título a deputado demorou mais de 1 hora, com vereadores criticando a medida e outros apoiando a matéria. Foto: Câmara dos Deputados

Com o apoio de vereadores da base do prefeito Sarto, a Câmara Municipal de Fortaleza concedeu o título de cidadão fortalezense ao deputado federal André Fernandes (PL). A discussão sobre a matéria durou mais de uma hora na Casa Legislativa, onde parlamentares do PT e PSOL se posicionaram contra a matéria, enquanto que pedetistas, em sua ampla maioria, defenderam a medida.

A matéria recebeu 23 votos favoráveis, nove contrários e uma abstenção, esta do líder do Governo na Casa Iraguassú Filho, do PDT. Votaram contra os vereadores Adriana Nossa Cara (PSOL), Enfermeira Ana Paula (PDT), Dr. Vicente (PT), Eudes Bringel (PSB), Gabriel Aguiar (PSOL), Júlio Brizzi (PDT), Léo Couto (PSB), Moura Taxista (PSB), Ronivaldo Maia (sem partido)

Gabriel Aguiar iniciou seu pronunciamento contrário à matéria pedindo perdão por matérias que mostrou na Casa, mostrando momentos de André Fernandes, em que Aguiar denominou de “aberrações”. Para ele, o deputado federal é “o suco do bolsonarismo, o que tem de pior nessa política”. “São dezenas de casos desse cidadão à moral, à ética, à diversas categorias, às crianças e às mulheres que não compactuam com o papel asqueroso que esse senhor representa”.

Adriana Nossa Cara também se posicionou contrária à proposta apresentada, ressaltando ter “nojo” das falas de André Fernandes. “Não acredito que a Câmara de Fortaleza está aprovando um projeto como esse. É vergonhoso”, disse. Segundo ela, o deputado federal “tem desprezo pela democracia” e apresentou investigações feitas contra o parlamentar por incitar os atos do dia 8 de Janeiro contra instituições brasileiras. Ela lembrou de publicações em que Fernandes faz uma espécie de chamamento de ato contra o Governo Lula, no dia 6 de janeiro.

“Como é que uma Casa Legislativa, que se baseia no estado democrático de direito, vai aprovar uma homenagem a uma pessoa que é contra a democracia? Como O PDT vai dizer sim, eu aprovo esse título de cidadania ao deputado André Fernandes, depois desse partido ter sido atacado por ele mesmo, dizendo que um parlamentar tinha envolvimento com facções criminosas?”, questionou Adriana.

Autor da proposta, o vereador Inspetor Alberto (PL), que foi assessor parlamentar de Fernandes, subiu à tribuna com uma bandeira do Brasil. Ele chegou a dizer que as acusações feitas ao parlamentar não são “fatos concretos”, mas apenas palavras. O parlamentar mostrou um vídeo de uma suposta desapropriação de fazenda feita por membros do MST, afirmando que “é esse tipo de gente que o André Fernandes combate”.

Já Dr. Vicente afirmou que o deputado federal estava envolvido com os “atos golpistas” do 8 de janeiro e chamou a proposta de “absurda”. “Esta Casa, o PDT, que é um partido de esquerda, acho que tem que mostrar para o Brasil que ninguém pode dar título de cidadania a qualquer pessoa. Um rapaz novo, mas preconceituoso. Eu voto não ao título de cidadania para André Fernandes, porque não quero estar numa Casa onde se dá um título de cidadania para essas pessoas”. Cidadão

Vice-líder do Governo Sarto, o vereador Carlos Mesquita, do PDT, defendeu o título de cidadão a André Fernandes. “Eu não tenho nenhuma relação com André Fernandes ou Bolsonaro, mas queria lembrar que o André recebeu do povo de Fortaleza mais de 100 mil votos. Será que esses votos não valem? Não vou ser contra e acho que essa Casa deveria respeitar o voto dos demais”, disse. Outro pedetista, Adail Júnior (PDT), também se posicionou favorável à proposta de título de cidadania ao deputado federal.

A vereadora Priscila Costa (PL) destacou que André Fernandes teve mais de 100 mil votos em Fortaleza, o que em sua avaliação o credencia como merecedor do título de cidadão fortalezense. Também defenderam a proposta os vereadores Márcio Martins (SD), Germano He-man (PMB), Julierme Sena (UB), Michel Lins (PDR) e Jorge Pinheiro (PSDB).

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