Guilherme Sampaio é presidente do PT de Fortaleza e apoiou Sarto no segundo turno das eleições de 2020. Foto: ALCE

O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Fortaleza, o deputado estadual Guilherme Sampaio diz lamentar a proximidade entre grupos bolsonaristas e a gestão do prefeito Sarto. De acordo com ele, isso se dá devido a um projeto pessoal de poder do líder pedetista Ciro Gomes, e em suas palavras é um “desvio de rota do PDT”.

Conforme mostrado no Blog do Edison Silva na semana passada, parlamentares alinhados com o bolsonarismo na Câmara Municipal de Fortaleza e na Assembleia Legislativa têm se unido em críticas ao Governo de Elmano de Freitas. Em contrapartida, estão unidos em defesa de pautas de interesse do prefeito Sarto. Enquanto que no Legislativo Estadual se encontram alinhados União Brasil, PL e PDT, os vereadores de União Brasil, PDT, PSDB e PL também se uniram em críticas ao chefe do Executivo do Estado.

“Lamentavelmente, é um desvio de rota do PDT do Ceará, muito influenciado pelo objetivo pessoal do Ciro Gomes em manter sua candidatura a presidente sobre qualquer pretexto”, disse Guilherme Sampaio. Segundo ele, a candidatura de Ciro em 2022 funcionou como “linha auxiliar do bolsonarismo em nível nacional, quando estava em jogo a democracia”.

“Era para todos os partidos que defendem a democracia esterem unidos, como o PDT e o PT. Essa posição forçou uma ruptura no Ceará, que iniciou como consequência uma aproximação política do bolsonarismo com a Prefeitura”, apontou.

Conforme informou, a bancada bolsonarista na Câmara Municipal de Fortaleza saiu da oposição para a base do prefeito Sarto, inclusive, na estrutura do secretariado. “Hoje temos a participação do bolsonarismo no Governo Sarto. Então, é lamentável, porque isso é a captura do partido de tradição democrática para um campo que hoje está associado ao fascismo”.

Nas palavras de Sampaio, “Ciro Gomes já tinha acabado com o PDT nacionalmente, porque quando insistiu na candidatura, metade dos pedetistas abandonaram o PDT E agora, ele acabou com o PDT do Ceará. Tudo isso em função de um projeto do umbigo do próprio Ciro”.

“Acho que o Ciro não se conforma de ter nascido em um período contemporâneo ao Lula, e isso dificultar que ele possa superá-lo na disputa presidencial” – (Guilherme Sampaio)

O petista disse, ainda, que, por conta desse processo de distanciamento do PDT do Ceará de antigos aliados, a legenda pedetista “se desconstituiu”, fazendo com que o projeto político em curso sofresse risco de ser interrompido. Para ele, isso só não foi possível graças a eleição de Elmano de Freitas no primeiro turno das eleições do ano passado, muito por conta da associação do presidente Lula e do ministro Camilo Santana, eleito senador em 2022.