Em vídeo menina encena brincadeira com profissões no país e questiona de qual ministra negra do Supremo poderia ser comparada se a Corte nunca possuiu nenhuma. Foto: Reprodução/ IDPN

Na última semana o Instituto Defesa da População Negra (IDPN) lançou a campanha intitulada Todo Mundo tem um Sonho#MinistraNegra com uma vídeo publicado em suas redes sociais, duas personagens negras, encenam mãe e filha, na qual esta apresenta diversos tipos de profissões comparando com brasileiras das respectivas áreas. A atriz mirim encena uma cantora como Iza, uma escritora como Conceição Evaristo, uma ginasta como Daiane dos Santos, e por último uma indagação surge: ”uma ministra do STF! Como?…”. 

O Instituto deseja que o curta-metragem chegue ao presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, que a pouco terá que indicar um nome para ocupar a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) deixada pela ministra Rosa Weber que irá se aposentar compulsoriamente ao completar 75 anos no início de outubro próximo.

Em 132 anos de existência da Suprema Corte brasileira, num país onde 56% da população é negra, nunca uma mulher negra foi ministra no STF. ”É urgente o compromisso de modificar essa estrutura de poder. Precisamos erguer essa memória”, explana a propaganda.

A instituição possui um abaixo-assinado que até a última sexta-feira (15) contava com 30.241 assinaturas. A mobilização também conta com a propagação de nomes de juristas negras para a vaga, ‘twittaços’ e coleta de apoios para o documento a ser encaminhado ao Palácio do Planalto.

O Supremo já possuiu ministros negros e possui ministras mulheres em seu quadro, porém nunca na história da Suprema Corte uma mulher negra foi indicada ao cargo. De 171 ministros, apenas seis diferem do perfil predominante: três mulheres brancas (Ellen Gracie Cármen Lúcia, Rosa Weber) e  três homens negros (Pedro Augusto Carneiro Lessa, Hermenegildo de Barros e Joaquim Barbosa). Ou seja somente 11 cadeiras divergente do perfil comum brasileiro foram ocupadas na alta instância do Judiciário brasileiro, as demais 165 cadeiras foram ocupadas por homens brancos.

Lula é pressionado desde o início do ano, com a saída de Ricardo Lewandowski no STF, por colegas próximos como do ministro dos Direitos Humano e Cidadania Sílvio Almeida e da ministra da Igualdade Racial Anielle Franco.

Até o momento o presidente da República não deu indícios de qual será o nome que pretende indicar à vaga de Rosa Weber, porém segundo conversas internas com ministros do Supremo, Lula possui alguns preferidos, como o ministro da Justiça Flávio Dino, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas e o advogado geral da União Jorge Messias. Nenhuma das possibilidades é uma mulher negra.