Ex-deputado e presidente do Parlamento Cearense, Antônio Gomes da Silva Câmara /Foto: Reprodução Instagram Alece

Antônio Gomes da Silva Câmara, deputado estadual em várias legislaturas, representando a Região dos Inhamuns, foi presidente da Assembleia Legislativa cearense no início do primeiro Governo Tasso Jereissati, entre anos de 1987 a 1989. Eleito deputado estadual na aliança política que elegeu Tasso Jereissati, governador do Estado do Ceará, em 1986, Antônio Câmara logo rompeu com o governador, mas a Assembleia teve uma relação respeitosa com o Poder Executivo, e por este foi respeitada. Câmara presidiu a Assembleia Estadual Constituinte, em 1989, quando foram registrados vários embates em razões dos interesses conflitantes do Executivo com as propostas para a elaboração da atual Constituição do Ceará.

A Assembleia, presidida por Antônio Câmara, não obstruiu ações do Executivo, mas também não se quedou aos caprichos dele e muito menos agiu com subserviência, como ocorre nos dias de hoje. Câmara foi um bom deputado estadual, respeitado pelos colegas e a classe política como um todo. Altivo e respeitoso, inclusive com os adversários, cujo principal deles era o também já falecido, Júlio Rêgo, também do Município de Tauá, representando toda a Região dos Inhamuns. Não levava questões menores para o Parlamento, comportamento exemplar, também como chefe do Poder.

Dos presidentes da Assembleia, após Antônio Câmara, pelo que temos testemunhado, nenhuma teria comandado uma Assembleia Constituinte como ele o fez. Todos os deputados, aliados ou não ao Governo, tiveram bom espaço e estrutura de trabalhos. O governador, mesmo com toda a força que detinha Tasso Jereissati, tanto pela expressividade da sua eleição quanto pela força moral que o novo Governo demonstrava ter, não foi o “mandão” da Constituinte, nem os deputados, mesmo da base governista, foram subservientes como muitos dos dias atuais, exatamente pelo respaldo e o bom exemplo dado por Câmara, como presidente do Poder Legislativo, de ter respeito ao Executivo e dele exigir e ter a reciprocidade.

O anúncio da morte de Antônio Câmara, na manhã desta quinta-feira (24), foi feita no plenário da Assembleia, em meio à sessão, pelo deputado Cláudio Pinho, que, de pronto, pediu que os deputados, em silêncio, por um minuto, lhes prestassem a primeira homenagem. A deputada Gabriela Aguiar, em seguida, apresentou um requerimento pedindo a suspensão dos trabalhos legislativos, no que foi atendida, e o presidente da sessão, deputado Daniel Oliveira, anunciou que o Legislativo cearense, a partir daquele momento, guardaria um luto oficial de três dias.

Vários deputados, antes do levantamento da sessão ordinária da Assembleia, ainda tiveram oportunidade de falar sobre o bom trabalho que Câmara fez, enquanto presidente da Assembleia, além de registrarem o seu exemplar comportamento político e naquela Assembleia Legislativa. O corpo de Câmara será sepultado nesta sexta-feira (25) em sua terra natal, o Município de Tauá.