Luiz Henrique diz não ter vergonha de falar da “palavra de Deus” na tribuna da Assembleia Legislativa. Foto: ALCE

O aumento no número de parlamentares evangélicos têm contribuído para cenas até pouco tempo consideradas inusitadas na Assembleia Legislativa, como o uso de Bíblia no púlpito do Plenário 13 de Maio e citações de versículos bíblicos em pronunciamentos que mais se parecem com pregações. A tendência, pelo menos pelos próximos quatro anos, é que a abordagem da chamada “bancada evangélica” siga a mesma toada durante as sessões ordinárias da Casa.

Contra processo de cassação de seu mandato, Dra. Silvana se compara a Jeremias, o “profeta chorão”, da Bíblia

Na terça-feira passada, quando fez críticas à decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o seu mandato, a deputada Dra. Silvana (PL) se apegou a passagens bíblicas do livro de Jeremias, chamado por ela na tribuna de “o profeta chorão”. Minutos antes de iniciar seu pronunciamento, a parlamentar estava fazendo uma espécie de estudo prévio das escrituras para uma espécie de “pregação” que faria logo em seguida no púlpito.

Na sessão desta quinta-feira (18) não foi diferente com o deputado Apóstolo Luiz Henrique (Repu), que ao falar sobre crimes sexuais contra crianças, também recorreu à Bíblia, especificamente no livro de Tito e criticou aqueles que, segundo ele, são “escarnecedores” que zombam do uso do livro em seus pronunciamentos.

“Eu queria fazer uso da palavra de Deus e faço questão de mostrar que ainda existem seres humanos na Terra que têm temor a Deus. É com muito temor a Deus que continuo falando aqui que só a palavra de Deus pode nos salvar. Existem pessoas escarnecedoras, que podem estar rindo, fazendo chacota, quando estou aqui lendo a palavra de Deus”, disse.

Falando em “palavra de Deus”, o parlamentar se orgulha de ter tido um projeto de Lei de sua autoria sancionado pelo então governador Camilo Santana e que versa sobre a inclusão da leitura bíblica para redução de pena nos presídios. Agora, ele quer que o estudo da Bíblia seja inserido na grade curricular do Ceará como matéria transversal.

“Quantas pessoas têm feito mau uso da palavra de Deus, usando o nome de Deus em vão. Os escarnecedores, escarnecendo da fé cristã. Inclusive, dentro de câmaras municipais, assembleias, da Câmara Federal, do Senado e até presidência”, disse.

Ainda sobre sua relação com Camilo Santana, o deputado comemorou a sanção de algumas de suas propostas e lembrou ter recebido ligação do hoje ministro da Educação quando da data de seu aniversário. Para Luiz Henrique, o petista pode até não andar muito nas igrejas, mas não estaria usando “o nome de Deus em vão” como esses.

Desperta

“Foi ele que sancionou as bíblias poderem estar incluídas no acervo de livros para remissão de pena. Eu não venho defender o PT, mas defender a verdade. E não a verdade de alguém que usa o nome de Deus em vão. Desperta, nação brasileira. Porque alguns estão usando o nome de Deus em vão. Despertar com teu fake news. Eu não tenho medo, porque quem anda nos caminhos de Deus não pode ter medo, mas ter coragem”.

O deputado aproveitou a ministração da palavra para citar algumas de suas propostas em tramitação na Casa, como a que garante prioridade nas escolas para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade; limite de permanência de adultos desacompanhados de crianças em espaços infantis; proibição de recursos públicos em eventos que sexualizam as crianças, criação do mês em defesa da pureza da criança; e proibição da ideologia de gênero nas escolas.