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Os dois aviões, um Kingair, pertencente a uma empresa cearense, denominada de Terral Taxi Aéreo Ltda, o outro, um Jato Turbinado, pertencente à empresa Executive Air Taxi Aéreo Ltda, de Curitiba,  Estado do Paraná. Todas as faturas já pagas foram correspondentes às viagens do mês de janeiro e de fevereiro / Foto: Reprodução Internet

Nos 100 primeiros dias do Governo Elmano de Freitas, segundo dados oficiais do Portal da Transparência, o governador viajou bastante nos dois aviões que estão à disposição do seu gabinete, para viagens nacionais e internacionais. O Estado pagou, até o mês de março passado, um total de R$ 4.190.235,64 (quatro milhões, cento e noventa mil, duzentos e trinta e cinco reais e 64 centavos). Os dois aviões, um Kingair, pertencente a uma empresa cearense, denominada de Terral Taxi Aéreo Ltda, o outro, um Jato Turbinado, pertencente à empresa Executive Air Taxi Aéreo Ltda, de Curitiba,  Estado do Paraná. Todas as faturas já pagas foram correspondentes às viagens do mês de janeiro e de fevereiro. As contas do mês de março ainda não foram empenhadas. Oficialmente, no Diário Oficial, não há registro de tantas viagens do governador Elmano de Freitas, nos últimos dias, pois todas as viagens devem ser precedidas de uma portaria do secretário Chefe da Casa Civil, onde está especificado o valor da diária e ajuda de custo, para as despesas do governador fora do Estado.

Deputados de oposição acreditam que os aviões podem estar sendo utilizados por pessoas de fora do Executivo estadual, como o ministro da Educação Camilo Santana e a senadora-suplente Augusta Brito, no exercício do mandato. Camilo, em querendo, pode requisitar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para suas viagens aos estados  brasileiros, inclusive para o Ceará. Mas para efetivar a requisição ele tem que justificar a viagem e, por isso, para evitar a fiscalização, inclusive da imprensa, pode estar utilizando o avião do Governo do Estado. Por seu turno, a senadora Augusta Brito não tem essa prerrogativa de requisitar avião da FAB, mas ela tem recursos da sua Verba de Desempenho Parlamentar que lhe garante a compra de até quatro passagens aéreas mensalmente para o seu Estado. Por que acreditam que há desvio de finalidade na utilização dos aviões contratados pelo Governo do Estado, deputados já começaram a investigar os voos e preparam um pedido de informações ao Tribunal de Contas do Estado, sobre os voos e os respectivos passageiros.

Mesmo que só o governador Elmano utilize os aviões, em todo o seu período de Governo não daria para viajar tanto, levando-se em considerações que entre esses 100 dias, tirando os finais de semana e os feriados o governador teria apenas uns 70 dias úteis de trabalho. Os secretários estaduais, com raríssimas exceções, só viajam em voos comerciais, tanto que é constante a publicação de portarias do secretário Chefe da Casa Civil, autorizando as viagens dos secretários com a especificação dos valores a que têm direito para pagamento de hospedagens, transporte interno e passagens de aviões.

Nos primeiros 100 dias de Governo, Elmano de Freitas não teve tempo de receber, em audiência particular, no seu gabinete no Palácio da Abolição, nenhum dos deputados estaduais que formam a sua base de apoio na Assembleia, e nem mesmo o prefeito de Fortaleza, José Sarto, que recentemente disse ter pedido uma audiência o governador e até agora não obteve resposta de se seria ou não recebido. Quanto à negativa de receber os deputados, já há sinais de inquietação na Assembleia. Os deputados têm sido recebidos pelo secretário de Articulação Política, Waldemir Catanho, que tem tem prometido que Elmano começará a recebe-los a partir de seu retorno da viagem à China, posto que o governante cearense integra a comitiva do presidente Lula, que parte de Brasília,  amanhã.

Administrativamente, os primeiros 100 dias do Governo Elmano de Freitas deixou muito a desejar. O governador revogou duas leis de suas próprias iniciativas, dando demonstração de falta de organização administrativa e de foco da gestão. O governador ainda não conseguiu reduzir, mesmo que minimamente, o número de cearenses que vivem em situação de miséria, e até sem condição para uma alimentação mínima diária. O governador ainda não conseguiu deslanchar o programa  anunciado para ter início de imediato, que  é a redução das filas de cirurgias eletivas, embora esteja autorizado a executá-lo desde fevereiro passado. Elmano conseguiu revogar uma lei do último período de Camilo Santana, para extinguir a Fundação de Saúde do Estado do Ceará, utilizando os mesmos argumentos do seu antecessor quanto à efetividade das ações de saúde.

Enfim, o Governo Elmano, nos seus primeiros 100 dias está passando a ideia de que não entregará  o Estado, ao fim dos quatro anos do seu Governo, sequer como o recebeu. Políticos, e especialmente as lideranças empresariais e de outros importantes segmentos da sociedade cearense precisam acender o sinal de alerta, sob pena de ao fim deste Governo nós amargarmos retrocessos como aqueles que foram rompidos por Tasso Jereissati, ao ser eleito governador pela primeira vez, em 1986.