Dra silvana

Dra Silvana / Foto: Print Alece

O Poder Legislativo, sempre há de merecer o respeito do povo, mesmo que alguns dos seus integrantes sempre estejam prontos a desrespeita-lo. São poucos os parlamentares que engrandecem suas respectivas casas legislativas. Estes têm consciência de suas obrigações constitucionais e morais com o eleitorado. Aqueles, a maioria, preferem estar acocorados diante dos governantes de plantão, pedindo e recebendo migalhas, com o pensamento voltado para uma reeleição que as vezes não chega. O Brasil, desde a Constituição Federal de 1988 está organizado para ter um Poder Legislativo realmente independente, não apenas com as garantias para os seus integrantes manifestarem-se a favor ou contra os governos como bem entenderem, e sem precisar de estar pedindo liberação de recursos ao Executivo para garantir os meios materiais necessários ao exercício pleno do seu mister. Antes, o Legislativo mendigava a liberação dos recursos que o Orçamento anual lhe destinava.

Mas, mesmo nessa época que os recursos orçamentários do Legislativo precisavam da boa vontade do governador, ou até mesmo do secretário da Fazendo para liberá-los, existiam políticos que não se vergavam. Aquiles Peres Mota, amigo de verdade, e correligionário do governador Virgílio Távora, enfrentou-o e venceu, sem precisar romper ou ficar de cócora para suplicar. O secretário da Fazenda do segundo governo Virgílio Távora, do início de 1979 ao começo de 1983, era o cidadão amazonense Ozias Monteiro Rodrigues, e atrasou a liberação dos recursos da Assembleia. Naquela época não tinha o tal duodécimo de hoje, que o governador é obrigado a liberar, mensalmente, sob pena de cometer crime de responsabilidade.

Pois bem, Aquiles fez gestões para que o secretário liberasse a verba da Assembleia, e ele não o fez. Aquiles não se fez de rogado. Convidou os jornalistas para assistirem o seu diálogo com o governador Virgílio Távora, numa segunda-feira pela manhã, no pátio do Palácio da Abolição, onde acontecia, tradicionalmente, no primeiro dia da semana, o hasteamento das bandeiras do Brasil e do Ceará. E lá estávamos os jornalistas que cobriam a política na época, e o inusitado aconteceu. Terminou a solenidade, Aquiles que tinha os seus passos acompanhados pela imprensa, dirigiu-se ao governador Virgílio e disse-lhe secamente: Está aqui as chaves da Assembleia, se quiser entregue ao seu secretário da Fazenda, que parece o dono do Ceará. E retirou-se sem mais nada dizer.

Ainda atônito, sem dizer uma palavra, Virgílio fez apenas um sinal para o secretário Ozias Monteiro e ordenou. Resolva o problema agora. Eu não quero o presidente da Assembleia aborrecido. E os jornalistas continuavam sem nada mais saber, além do que presenciaram. Fomos todos para a Assembleia tentar ouvir mais alguma coisa do deputado Aquiles. Por volta das 11 horas, no máximo duas horas depois do acontecido, Aquiles sai do gabinete e vem comunicar aos jornalistas que o gerente do banco onde a Assembleia tinha conta, acabara de lhe telefonar para dizer que havia sido feito um depósito na conta do Legislativo.

Virgílio e Aquiles continuaram muito bons amigos e correligionários. A Assembleia ajudava o Governo, mas não tinha a subserviência de hoje, quando é votado o que o governador de plantão quer, mesmo a maioria dos deputados votando a favor sem saber o quê. E talvez por isso, vem acontecendo coisas estranhas no plenário. Na sessão de hoje da Assembleia, o líder do PT, deputado De Assis Diniz, depois de falar da importância do seu partido no contexto nacional, disse que qualquer deputado para falar do PT “precisa lavar a boca. E o presidente não mandou retirar dos anais da Casa a ignominia, obrigando a uma deputada reagir a altura, deixando o ambiente sem clima para a continuidade da sessão. O deputado agressor é De Assis Diniz, e a deputada que o confrontou foi a Doutora Silvana.