A Assembleia Legislativa do Ceará tem 9 mulheres na atual gestão. Na Câmara Municipal de Fortaleza são 8. Foto Alece.

As casas legislativas cearenses estão mais coloridas desde o início dos novos mandatos. É a presença feminina que ganhou mais espaço e força na política através do voto popular. Mas não são apenas belas figuras circulando entre o plenário e os gabinetes, deputadas e vereadoras assumem um papel cada vez mais de luta tanto na cobrança e fiscalização dos governos como também na defesa das questões da família.

Elas são médicas, assistentes sociais, advogadas, administradora, enfermeira, professora, jornalista. Um total de 17 parlamentares, sendo 9 na Assembleia Legislativa e 8 na Câmara Municipal de Fortaleza. Mesmo em número ainda pequeno, elas já conseguem fazer muito barulho. Em comum, a garra e a firme disposição em fazer diferença em locais onde os homens, durante muito tempo, transitaram quase que sozinhos.

“É importante que a gente traga esses aspectos, problemas que nos afligem, a questão da violência que é muito forte no nosso Estado, que a gente traga esses assuntos, que sejamos nós a falar daquilo que nos dói.”, defende deputada Lia Gomes, do PSDB. “Os desafios da mulher na política não é muito diferente  dos desafios da mulher. A gente ainda sofre com a dificuldade de ser escutada, de ser ouvida. Existem vários estudos sobre a mulher na política e não só na política, mas que ocupa cargo na justiça, ela é mais interrompida, sua fala. É um desafio pra gente  ser ouvida, ser respeitada e apresentar nossas propostas. Mas eu vejo com muito ânimo. Aumentou bastante o número de mulheres na Assembleia Legislativa, eram 5 na gestão passada, agora são 9, mas perto de 46 é muito pouco, mostra que a gente ainda tem muito a crescer”, finalizou.

As mudanças vem acontecendo há poucos anos e nesta legislatura estão em evidência. Não há como não perceber a presença delas. Muitas estão no primeiro mandato, outras já transitam há algum tempo, até três mandatos, eleitas pelo povo que enxerga nelas motivo para garantir a defesa de suas lutas.

Segundo a deputada dra. Silvana, do PL, “Nós mulheres temos feito diferença no Parlamento principalmente, na minha opinião, sem se vitimar. Eu entendo que a mulher não precisa de cota para estar aqui, a mulher precisa de atuação, de reconhecimento da população.” E levanta questionamento que afeta diretamente às mulheres. “Os desafios é não prejudicar a família. Eu entendo que a mulher, ela deve entrar na política sem que a família perca a sua presença em casa. Isso é um desafio muito grande porque a estabilidade da família depende muito da mulher. Eu mesma entrei na política quando meus filhos já estavam grandes, estavam na faculdade, exatamente para ter a minha presença enquanto mãe, que é a atividade prioritária na vida das mulheres. Eu não abro mão de ser mãe, de ser avó”, disse.

A presença de familiares na política, seja pai, marido, filho, foi decisivo para que algumas dessas mulheres viessem a enveredar na disputa por um cargo, afinal cresceram assistindo disputa por cargos e conquista de projetos. Há também aquelas que sempre foram ativas nas comunidades, o que acabou conduzindo ao caminho que estão trilhando agora.

Mesmo para aquelas que nunca tiveram antes o contato mais atuante com a política, o desejo de conquistar espaço e brigar pelo que sempre acreditaram fazem da presença delas nessas casas mais do que um simples trabalho, mas um grande desafio de vida.

Algumas das deputadas e vereadoras estão tomando conta cada vez mais das tribunas para expor pensamentos, suas indignações diante de problemas quase que inadmissíveis de existir em um mundo tão avançado em tantos aspectos. Defendem as causas as famílias, questões que envolvem a dignidade de homens e mulheres, de problemas que elas conhecem como ninguém por estarem mais próximas dos familiares, do próprio lar mesmo diante de outros afazeres – sem querer desmerecer os homens.

São donas de casas, são guerreiras que aos poucos estão assumindo um novo papel, a presença na política, no parlamento. Mais uma referência para marcar a vida daquelas que são, antes de tudo, mulheres, que estão ampliando horizontes, desafiando tudo e todos nessa luta por uma vida melhor para todos. Merecedoras de aplausos nesse Dia Internacional da Mulher.

Para a deputada Jô Farias, do PT, “Nascer mulher nesse mundo já é um desafio e vencer esses desafios é encantador pelo fato de saber que, através da nossa voz, do nosso comprometimento, é que a  gente vai disciplinar muitas coisas que acontecem no nosso Estado, na nossa vida.” E continua “A gente gostaria de estar aqui falando de estatísticas felizes, de direito respeitado, de empoderamento feminino, de lutas que venham trazer igualdade de gênero para as mulheres, mas a gente fala também de dados bem tristes, fala de feminicídio, fala de todo tipo de violência que a mulher enfrente hoje e só aumentam as estatísticas. Então, ser mulher e ser política é muito importante neste momento que a gente vive. Ocupar espaços de decisão, ocupar espaços de poderes igual a este que nós estamos ocupando hoje é fundamental para que a mulher possa fazer política. É importante também que além das vozes femininas, também existam vozes  masculinas em defesa das mulheres. E é isso que nós queremos, ser parte pra que a gente possa diminuir essa desigualdade.”

  • MULHERES NO PARLAMENTO CEARENSE

CÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZA

Adriana Nossa Cara – PSOL

Ana Aracapé – PL

Ana Paula – PDT

Claudia Gomes – PSD

Estrela Baros – Rede

Kátia Rodrigues – Cidadania

Priscila Costa – PL

Tia Francisca – PL

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Dra Silvana – PL

Emília Pessoa – PSDB

Gabriela Aguiar – PSD

Jô Farias – PT

Juliana Lucena – PT

Larissa Gaspar – PT

Lia Gomes – PDT

Luana Ribeiro – Cidadania

Marta Gonçalves – PL