O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do relatório final da transição de governo e anúncio de novos ministros.

O presidente Lula foi contundente em seu pronunciamento para um grupo de jornalistas que cobria o evento de encerramento da Comissão de Transição e o anúncio do nome de alguns novos ministros do seu Governo a ter início no primeiro dia do próximo ano, daqui pouco mais de uma semana. Ele foi taxativo em dizer que quer ser cobrado pela Imprensa, que o Governo precisa de cobrança e que ele não quer saber de “puxa-saco”. Lula sabe que se nos governos do PT, dele e da ex-presidente Dilma, houvesse de fato uma oposição eles não teriam passado pelo ” Mensalão” e nem mesmo pela “Lava Jato, que tantos sofrimentos lhes impuseram.

Incensar governantes sempre resultará em prejuízos para eles e a sociedade no geral. O Governo erra e erra muito. Natural, todos erramos, inclusive intencionalmente. As cobranças feitas com seriedade da oposição, e as denúncias formuladas pela Imprensa são sempre saudáveis. Infelizmente, nos dias atuais, tem faltado coragem ao cidadão de apontar erros e sugerir soluções. Há, em abundância, o elogio fácil, corruptível, ao gosto de muitos governantes mais preocupados com suas vaidades do que com uma sadia administração.

O Governo que finda no Ceará é do tipo que só lhe interessava ser o chaleirado. O secretário da Casa Civil sainte buscava corromper jornalistas, pressionar órgãos de comunicação em razão da verba publicitária que controla, chegando ao ponto de intervir para que pesquisa e informações outras não fossem publicadas por contrariar interesses do Governo, além de algumas outras situações nada republicanas. É possível até que tenha logrado êxito momentaneamente, mas o Ceará acabou perdendo. O editorial do jornal O Povo, em sua edição do dia  22 deste mês de dezembro, mostra um dos descalabros do Governo, exatamente numa das áreas mais sensíveis que é a Segurança.

Essa parte do discurso do presidente Lula condenando o elogio fácil, o puxa-saquismo, o tapinha no ombro deve ser repetida inúmeras vezes, até para evitar que seus auxiliares ao serem cobrados desdenhem das cobranças, das denúncias e respondem com a verdade, reconhecendo ou justificando com a promessa de corrigir o que se mostra desvirtuado. Lula, politicamente, não suportará mais um “Mensalão” e nem a sociedade, ativa como parece estar, tolerará desmandos como os registrados na era governada pelo PT.

A oposição, cujo discurso sempre tem mais audiência, responsavelmente, precisa ajudar os governos, especialmente o do Ceará, tendente a experimentar momentos de dificuldades ainda maiores em todos os níveis. E a principal ajuda que a oposição pode dar é mostrar as falhas quando elas aparecerem, e ser vigilante e exigente com a execução orçamentária.