Presidente da comissão de Orçamento, e com direito a R$ 2 milhões de emendas, Léo Couto abrir mão dos recursos, pois acredita que sugestões não serão aplicadas. Foto: CMFor

A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou, na manhã desta quarta-feira (14), o projeto de Lei do Poder Executivo que estima as receitas e fixa as despesas alusivas ao exercício financeiro de 2023. Durante votação da medida, vereadores lamentaram a falta de emendas impositivas, o que segundo eles garantiria que o Governo aplicasse os recursos sugeridos pelo parlamento da Capital cearense.

Pelo menos 524 emendas foram apresentadas pelos membros da Casa Legislativa, e alguns deles ironizaram o fato de que muitas dessas sugestões não são aplicadas pelo prefeito Sarto. Márcio Martins (PROS) chegou a sugerir que o próximo presidente da Câmara Municipal, Gardel Rolim (PDT), permita, junto ao Governo, que os vereadores tenham a garantia de transferir recursos do orçamento para áreas de seu interesse.

Quem quiser R$ 1 milhão de emenda e usar a minha, pode usar. Pode fazer cota que eu dou R$ 100 mil para cada um. Tem que ironizar porque nós aqui discutimos diversas causas da cidade, mas como minha vó dizia, casa de ferreiro, espeto de pau. Porque quando vamos legislar sobre o nosso protagonismo, quando iríamos aprovar o orçamento impositivo, e virou mais um ano de faz de conta”, apontou Martins.

Segundo ele, as emendas dos vereadores não servem para nada, visto que não são aplicadas. “Não tem nada a ver com o Executivo. É nós com nós mesmos. Teríamos que ter emplacado isso neste ano, porque é nós para nós mesmos. O presidente Antônio Henrique poderia ter deixado isso de herança para a gente, poderia até ter reduzido para R$ 300 mil do que dizer, no papel, que tem R$ 1 milhão e não ter nada”.

“Resolvemos tirar todas as nossas emendas porque, simplesmente, a gente não sabe se são feitas ou para onde vai. Vendo que não há motivo para colocar, porque a gente é cobrado pelos recursos que são encaminhados Eu não coloquei um centavo, porque é mesmo que nada”, apontou Léo Couto (PSB), que era vice-líder do Governo na Casa, mas tem tido uma postura de distanciamento da gestão.

Sargento Reginauro (UB) também lamentou a falta de um orçamento impositivo na Câmara Municipal de Fortaleza,e disse que enfrentará o mesmo problema na Assembleia Legislativa, visto que foi eleito deputado estadual e na Casa Legislativa a situação é semelhante. “Isso já vem sendo discutido na Casa há muito tempo. A tarefa é para nosso próximo presidente eleito. Vamos mudar essa realidade”, apontou.

Inadmissível 

“Fica muito difícil quando a gente emenda e a gente expõe para sociedade e nada acontece. A vereadora Adriana teve que ficar mendigando emendas para uma biblioteca e isso é uma das coisas mais terríveis que tem. Isso é uma coisa inadmissível”, criticou o vereador Danilo Lopes (Pode).

Julierme Sena (UB) lamentou que as emendas, apesar de sugeridas pelos vereadores, não são aplicadas pelo Governo. “Essas emendas não servem para nada. Se fossem impositivas, nós poderíamos destinar, de fato, para a população”, destacou.