Deputados se articulam, antes da sessão, para criticar aprovação da matéria que versa sobre a criação de Especializada. Foto: Miguel Martins

A bancada evangélica na Assembleia Legislativa contestou, durante a abertura dos trabalhos desta terça-feira (06), a aprovação, na quinta-feira da semana passada, do projeto da governadora Izolda Cela que cria a Delegacia de Repressão aos Crimes de Discriminação Racial, Religiosa ou de Orientação Sexual. Os parlamentares se organizaram para tentar desaprovar a sessão plenária que votou a matéria, sem sucesso.

Antes do início das atividades do dia, a deputada Dra. Silvana (PL) se organizou com os deputados Apóstolo Luiz Henrique (Repu) e Soldado Noélio (UB) para tentar, de alguma forma, reverter o resultado da votação no Plenário 13 de Maio. Durante quase uma hora os parlamentares discutiram sobre uma eventual manobra que teria sido realizada pelo líder do Governo, Júlio César Filho (PT), na semana passada, para aprovar a matéria.

Logo após, fazendo uso da tribuna, Dra Silvana afirmou não haver necessidade de instituir uma delegacia especializada para tratar de intolerância religiosa. “É uma agressividade instituir essa delegacia. É querer legislar sobre a fé. É querer que um delegado comum, de qualquer religião, bata o martelo sobre outra religião. Querer instituir uma delegacia para julgar o que é espiritual chega a ser cretino e ridículo, é militância”.

Apóstolo Luiz Henrique, que já tinha criticado a aprovação da matéria,  reforçou que não considera efetiva a criação de uma delegacia como essa. “Se todas as delegacias podem receber denúncias de crimes assim, o projeto não é efetivo”, avaliou.

Regimental

O líder do Governo na Casa, deputado Júlio César Filho (PT), esclareceu alguns pontos de discordância em relação à votação do projeto. “Nós tentamos construir um consenso a respeito de um dos pontos da proposta, para que fosse apresentada uma emenda coletiva, o que não foi possível. Não houve um acordo no que diz respeito à mudança no nome da delegacia”, comentou.

O deputado Tin Gomes (PDT) se manifestou contrário à intenção de alguns parlamentares de solicitar que a matéria seja votada novamente. “A sessão já passou, a matéria já foi discutida amplamente e votada, não cabendo ser votada mais uma vez”. Presidente da sessão ordinária quando da aprovação do texto, o deputado Osmar Baquit (PDT) destacou que a votação foi feita de forma regimental, inclusive, fazendo por três vezes a chamada para participação de seus pares.