Lideranças políticas do Estado, capitaneadas por Cid Gomes, ao centro, prestando apoio ao senador eleito Camilo Santana. Foto: Divulgação.

A decisão do senador Cid Gomes (PDT) de ser oposição à candidatura de Roberto Cláudio ao Governo do Estado, antecipou o fim da Era Ferreira Gomes na liderança da política cearense, iniciada em 2006, quando ele foi eleito governador do Ceará, derrotando o ex-governador Lúcio Alcântara (PSDB), que fechava o ciclo de 20 anos de controle político do senador Tasso Jereissati, nascido em 1986, quando Gonzaga Mota, governador à época, resolveu romper com os Coronéis (Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals), controladores da política local desde a vitória de Virgílio Távora, para suceder o governador Parsifal Barroso, no início de 1963.

Cid Gomes, também, com o seu apoio ao candidato Camilo Santana, constrangeu e inibiu o irmão Ciro Gomes, afastando-o da campanha no Ceará, razão da sua pequena votação no Estado e, em especial em Sobral, onde também perdeu para os candidatos Bolsonaro e Lula, ficando na terceira colocação, situação inusitada em comparando-se com as suas campanhas anteriores. Aliás, provavelmente a candidatura de Lia Gomes, a única irmã, ao Legislativo estadual, tenha sido abalada com a briga dos irmãos. Ela foi eleita, com uma votação nada expressiva para quem é, embora melhor que a do seu companheiro de dobradinha, Leônidas Cristino, deputado federal da família de longas datas, e ex-prefeito de Sobral, em mais de uma oportunidade, que acabou sendo vítima do insucesso, como também acabou derrotado o sogro do senador, o conhecido Dr. Leitão, para quem Cid chegou a ir fazer adesivaço em Juazeiro do Norte.

Como não há espaço vazio na política, Capitão Wagner e o Roberto Cláudio poderão ser os protagonistas da política cearense por alguns anos, a partir de agora. Mesmo derrotados, ambos fizeram bonitas campanhas para o Governo do Estado, e com luz próprias. Roberto ainda contou com a ajuda de Domingos Filho, mas o Capitão levou sozinho os seus liderados. Ele entrou na disputa pelo Governo do Estado, melhor preparado do que quando concorreu pela última vez a Prefeitura de Fortaleza, em 2020. Roberto já se preparava para ser candidato a Governador, há algum tempo, e o próprio Cid, em público, dizia ser ele o melhor nome para enfrentar o Capitão, talvez por isso a empolgação do Ciro, e a antecipação da oficialização da candidatura, motivo da insatisfação do senador.

O fato de o Capitão não haver conseguido dar uma superlativa votação para sua mulher Dayany, candidata à Câmara Federal, não o impede de ser um dos líderes da oposição ao futuro Governo de Elmano de Freitas, como de fato o será da outra parte, o ex-prefeito Roberto Cláudio, que, sozinho e constrangido pelas estocadas de Ivo Gomes, o prefeito de Sobral, além de ações políticas inadequadas do irmão dele senador, de cabeça erguida levou o barco, senão ao porto seguro, mas o conduziu de forma tal que o deixou nas relações de timoneiro, credenciando-o a novas investidas.

Elmano, o governador eleito, vai sofrer uma oposição que os últimos governadores cearenses não experimentaram. Ele precisará de ajuda e compreensão dos seus adversários. Pode não as tê-las por conta das companhias, algumas já pensando até na sua sucessão, embora o seu Governo sequer tenha começado. Sua candidatura não brotou de si próprio, como as dos seus principais concorrentes. Ela foi fruto de uma ruptura e de vaidades excessivas de “companheiros” fracos que os utilizaram na campanha, esperando pelo Lula, inegavelmente a maior liderança política do Brasil, cujo poder de transferência de votos foi mais uma vez confirmado com os resultados da primeira parte da disputa eleitoral deste ano.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: