O senador Cid Gomes (PDT), em 2014, final do seu segundo mandato de Governador do Ceará, decidiu ficar no cargo, tornando o irmão (Ciro) inelegível para o Senado e outras casas legislativas, para eleger Camilo Santana (PT) como seu sucessor na chefia do Executivo cearense, contrariando vários correligionários que haviam corrido o Estado tentando viabilizarem-se como candidato à sucessão estadual, dentre eles a atual governadora Izolda Cela, além de Domingos Filho (vice-governador, à época), Mauro Filho e Zezinho Albuquerque. Izolda só foi escolhida vice de Camilo, depois da convenção partidária da qual não participou

Camilo Santana, em favor de Izolda, que foi sua vice-governadora ao longo de pouco mais de sete anos, se de fato quisesse que ela o sucedesse, num mandato de quatro anos e  com direito à reeleição, teria feito o mesmo que  Cid Gomes fez por ele (Camilo): teria ficado no Governo até o fim do mandato e, como condutor de sua sucessão, afiançado pelos principais líderes do PDT (Ciro e Cid Gomes), teria viabilizado a postulação de Izolda, inclusive com a manutenção da aliança governista. Cid ficou sem mandato por quatro anos, hoje é senador da República. Camilo não poderia fazer o mesmo? Faltou da sua parte o desprendimento que o outro teve?

A jornalista Eliane Cantanhêde, em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, edição de domingo (7), fala sobre a escolha de mulheres para cargos executivos em disputa nas eleições deste ano, para dizer que essas escolhas ficaram para as últimas horas do prazo para homologação de candidaturas pelos partidos, e cita o exemplo da escolha, “por exclusão”, da companheira de chapa do presidenciável cearense, Ciro Gomes, no caso a vice-prefeita do município de Salvador/BA, Ana Paulo Matos. E enfatiza: “como sempre, são ótimas mulheres, mas entram como coadjuvantes, ou quebra-galhos. As últimas não serão as primeiras”. Ciro, como ele próprio disse, esperava fazer uma composição com o União Brasil ou o PSD, que, se concretizada, qualquer delas, o aliado indicaria o nome para a vice.

É pertinente a observação da jornalista Eliane Cantanhêde. Elmano de Freitas quer uma mulher para ser sua companheira de chapa para justificar o discurso de Camilo em favor da governadora, mas não está fácil. O Capitão Wagner queria uma mulher também para ser sua vice e não conseguiu, e Camilo escolheu duas mulheres para suas suplências, ambas com boas perspectivas de elegerem-se deputada estadual e deputada federal (respectivamente, Augusta Brito e Janaina Farias), que agora “como coadjuvantes”, ajudarão, com os votos que poderiam receber, eleger dois homens designados por Camilo, no acordo de composição para a campanha de Elmano e dele próprio.

A governadora Izolda Cela fez bem em desfiliar-se do PDT. Não pelo fato de ter perdido a disputa pela indicação de candidato do partido ao Governo do Estado. Disputa que sequer deveria ter participado, se de fato estava interessada em ser candidata, o que anteriormente não demonstrava. Estando sem filiação ela fica mais à vontade para concluir o Governo, deixando uma marca sua, não apenas o registro de ter sido a primeira mulher a governar o Estado do Ceará. E os que tentam tirar proveito da situação atual, deveriam ser repelidos por todos os demais políticos, pois eles estão prejudicando o próprio Estado, e a governadora em particular.

Quanto ao tema, veja a opinião do jornalista Edison Silva: