A exemplo de 2018, no evento de ontem (24), Bolsonaro amenizou o tom ao se lançar candidato à reeleição, em evento do PL no ginásio do Maracanãzinho, embora não tenha eliminado totalmente as críticas. Foto: Reprodução

Como fez dias antes do segundo turno das eleições de 2018, Jair Bolsonaro baixou o tom das declarações contra integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) ao lançar sua candidatura pelo Partido Liberal (PL) para se reeleger presidente da República, em evento no Rio de Janeiro no último domingo (24). Mesmo assim, manteve a retórica contra o Judiciário, além de convocar seus apoiadores para ir às ruas em atos de protesto no próximo dia 7 de setembro.

Em 2018, Bolsonaro enviou uma carta ao ministro Celso de Mello, que era o decano do STF, com o objetivo de apaziguar a crise política causada pelas declarações de seu filho, Eduardo Bolsonaro. Na época, veio à tona o vídeo de uma fala durante uma aula de cursinho em que afirmava que, para fechar o Supremo, bastaria “um cabo e um soldado”.

A manifestação gerou crítica de ministros do STF. Eduardo Bolsonaro se retratou nas redes sociais. E na carta ao decano da corte, Jair dissera ter apreço pelo magistrado e afirmou que o tribunal é o guardião da Constituição, motivo pelo qual mereceria o prestígio de todos.

Nesses quatro anos que se sucederam desde a carta, o prestígio deu lugar a uma escalada de tensão transformada em ataques diretos e pessoais a parte dos membros do STF — em especial, aqueles que ocupam ou ocuparam recentemente cadeira no Tribunal Superior Eleitoral, os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso.

No evento de ontem (24), Bolsonaro afirmou que nos três Poderes da República, Legislativo e Executivo são irmãos. ”Nós temos que respeitar a Constituição e jogar dentro das quatro linhas, em que pese um o outro estarem dando tijoladas para dentro do campo”, disse.

Mais tarde, voltou à carga. ”Hoje vocês sabem quem são os nossos deputados. Hoje vocês sabem o que é o Poder Legislativo. E hoje vocês sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”, disse. A pausa após a menção ao STF foi seguida de vaias pelos presentes e coro de ”supremo é o povo”.

Bolsonaro ainda convocou seus apoiadores para manifestações no 7 de setembro em todo país. ”Estes surdos de capa preta precisam entender o que é a voz do povo, que quem faz as leis é o Executivo e o Legislativo”, afirmou. ”Nós não vamos sair do Brasil. Nós somos a maioria, somos do bem. Nós temos disposição para lutar pela nossa liberdade e nossa pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo no 7 de setembro vá às ruas pela última vez”, completou.

Até esse domingo, o tom usado pelo presidente ao tratar da corte constitucional era muito mais grave. Ele tem protagonizado uma campanha para desacreditar o sistema eletrônico de votação, usado pelo Brasil desde 1996 sem nenhuma documentação de fraude.

Fonte: ConJur