Encontro, em agosto do ano passado, entre Ciro Gomes, Camilo Santana e Cid Gomes, hoje, três ex-governadores do Ceará. Foto: Divulgação/Facebook.

O PDT só oficializa a escolha do seu candidato a governador do Ceará, segunda-feira (18), mas uma certeza domina o sentimento da maioria do partido: não haverá mais espaço de conciliação com o PT e vice-versa. Agora, líderes de ambos os partidos já tratam de compor as novas alianças para suas respectivas candidaturas majoritárias, de governador, vice e senador. O Ceará, mantendo-se a situação política atual, terá três candidaturas competitivas ao Palácio da Abolição: a do União Brasil, a do PDT, e a do PT.

Parte do PDT culpa o ex-governador Camilo Santana pelo rompimento da coligação nascida em 2006 do acordo entre Cid Gomes e Luizianne Lins. Esta, à época, prefeita de Fortaleza, e aquele, o candidato a governador.

Camilo, “sorrateiramente”, dizem alguns pedetistas, incentivou a governadora Izolda Cela a reivindicar o direito de disputar a sua reeleição. Ela nunca havia feito algum gesto no sentido de querer ser candidata, nem ao longo dos anos em que foi vice-governadora de Camilo, nem nos dois primeiros meses de exercício pleno no cargo de governadora. O ex-governador não apenas a estimulou como montou uma rede de aliados composta por deputados do PDT e do PT, para incensando-a gerar o constrangimento aos principais líderes do PDT, na tentativa de força-los a indica-la como candidata. Ciro Gomes entendeu a manobra e gritou, quando falou pela primeira vez em traição, sem, no entanto, citar o nome do acusado.

Ciro, no penúltimo dia do mês de maio passado, numa entrevista coletiva, momentos antes de fazer uma palestra na Câmara Municipal de Fortaleza, ao falar sobre a sucessão estadual cearense, sem que alguém perguntasse sobre dificuldades na aliança dos partidos governistas ele falou sobre traição, de estar vendo recados intoleráveis nos meios de comunicação, para concluir afirmando que não aceitaria imposição na escolha do candidato do PDT a governador. De lá até aqui o problema só foi crescendo, chegando ao ponto de ser considerado irreversível, pelo tamanho do esgarçamento nas relações pessoais do ex-governador com os seus criadores: Cid e Ciro Gomes, embora Cid esteja totalmente distante dos últimos acontecimentos, tocados por Ciro.

Como em política não existe o impossível, ainda há quem sonhe numa reversão do rompimento implícito, com alguém cedendo em nome do bem maior, o interesse do Estado do Ceará. É possível, até, mas os representantes dos grupos divergentes perderão muito em respeitabilidade. E entre integrantes do PDT e do PT não existirá mais a confiança, o elemento necessária para a existência de relações políticas, sociais e pessoais sadias. Todos perderão mais, no aspecto moral, mantendo a aliança do que rompendo-a.  E para o Estado pode até ser melhor o surgimento de um outro candidato a governador, desde que não seja qualquer um, sem a devida qualificação para o honroso cargo.

O PDT marcou sua convenção estadual para o próximo dia 24. O PT ainda não definiu a data da sua. Embora os petistas venham falando em ter candidato própria já há algum tempo, o partido ainda não tem um nome certo, podendo até convencer o ex-senador Eunício Oliveira, presidente estadual do MDB e eleitor confesso de Lula, a ser candidato. O emedebista, hoje, parece ser tão ou mais amigo de Camilo do que este era dos irmãos Ciro e Cid Gomes. Uma chapa majoritária com Eunício governador e Camilo Senador, inversa daquela de 2018, pode recuperar a dívida de Camilo para com Eunício, que saiu derrotado na disputa pelo Senado, e Camilo reeleito com uma votação expressiva. Eunício atribui a sua derrota na eleição passada ao trabalho feito por Roberto Cláudio, Zezinho Albuquerque, e outros amigos de Ciro Gomes.

Quanto ao tema, veja o comentário do jornalista Edison Silva: