Em julho de 2020, Capitão Wagner e seu grupo entraram com ações contra Bruno Gonçalves e Marta Gonçalves, filho e esposa de Acilon Gonçalves. Foto: Reprodução/Facebook

O Partido Liberal (PL) é hoje o principal aliado de Capitão Wagner (UB) nas eleições ao Governo do Estado, tanto o é que deve indicar o nome do candidato a vice-governador na chapa de oposição. Há exatos dois anos, porém, a situação era bem diferente. Na ocasião, poucos meses antes das eleições municipais em Fortaleza, o postulante chamou o então deputado Bruno Gonçalves, filho do presidente do PL, Acilon Gonçaves, de “criminoso“, e junto com seu partido, o PROS, entrou com ação contra a ex-vereadora Marta Gonçalves, esposa do dirigente partidário.

Os tempos eram outros e Acilon Gonçalves e sua família faziam parte da base governista do então prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, enquanto Wagner já era líder da oposição no Estado. Foi então que um áudio vazado para a imprensa mostrava Bruno Gonçalves, agora prefeito de Aquiraz, supostamente negociando compra de apoio político.

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O parlamentar chega a dizer que iria pedir R$ 2,5 milhões para Roberto Cláudio e diz que a intenção seria reeleger a mãe, Marta Gonçalves, para a Câmara Municipal de Fortaleza. Ele afirma,ainda, que após a eleição, ela seria indicada para uma secretaria da Prefeitura, o que de fato aconteceu, quando Sarto nomeou a ex-vereadora para coordenar Políticas Sobre Drogas. Ela ficou na gestão até o início deste ano, quando se desincompatibilizou para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa.

Na ocasião, Wagner protocolou uma denúncia na Procuradoria Regional Eleitoral (PRE), enquanto seu partido, o PROS, questionou  a conduta de Marta Gonçalves  na Câmara Municipal de Fortaleza. Ele também publicou um vídeo de cerca de uma hora, no dia 24 de julho de 2020, onde fez diversos comentários sobre o áudio.

“Eu não compro voto, não. Não vou me vender, fazer maracutaia. Imagina a decepção de uma esposa ao ouvir uma marmota dessa. Não quero isso para os meus filhos. Esse tipo de acordo com esse rapaz aqui, eu não faço. Tá achando que se a gente ganhar a mãe dele vai ser secretária. Aqui comigo não. Não compro a dignidade das pessoas, eu sou liso, como você mesmo falou”, disse Wagner em parte do vídeo.

“É muita sujeira encoberta por belos discursos. O que ouvimos nesse áudio criminoso é o modus operandi da velha política. Abuso de poder econômico, compra de voto da maneira mais baixa possível, tudo feito com dinheiro do povo. É dessa forma que nossa Capital vem sendo comandada pelo coronelismo. Comigo é diferente” – (Capitão Wagner)

Passados dois anos, o clima é outro. Acilon Gonçalves e sua família se aproximaram do bolsonarismo e continuaram no comando do PL, partido do presidente da República Jair Bolsonaro. Como a legenda poderá ajudar Wagner no tempo de televisão e rádio, o partido fechou questão e apoiará sua candidatura, inclusive, indicando o nome a vice.

Acilon, Bruno e Marta Gonçalves, por sua vez, apesar de qualquer dano que as críticas e ações na Justiça de Wagner e seu grupo possam ter causado em suas carreiras políticas, estarão pedindo votos para eleição do pretenso candidato ao Governo do Estado.