Registro do encontro da governadora do Ceará, Izolda Cela (PT), com deputados filiados aos partidos aliados do governo. Foto: Reprodução/Facebook.

A governadora Izolda Cela (PDT) recebeu, hoje (25), no Palácio da Abolição, deputados estaduais e federais para em almoço, em clima de confraternização, mas de olho no Calendário Eleitoral. A partir do dia 2 de julho, com raras exceções, a União e o Estado não podem fazer transferências voluntárias de recursos, nem os agentes públicos, candidatos neste ano, poderão participar de inaugurações de obras em qualquer das administrações, inclusive municipais, mesmo que o pleito seja para preenchimento de cargos nos legislativos e executivos estaduais e federal. Os convidados comeram muito bem, mas não tiveram abertura para os discursos elogiosos e enaltecedores, próprios dos áulicos. Ela deu o tom da reunião com uma fala simples e serena, porém cativante, inibindo os aplausos fáceis.

Fez fotos, descontraidamente, com os deputados de todas as bancadas, de modo que eles saíram satisfeitos do encontro. Neste momento, a maioria dos parlamentares experimenta momentos angustiantes com a dúvida da reeleição. Só uns poucos, cujo trabalho político constante permite projetar um bom resultado eleitoral não está sofrendo tanto, mas mesmo assim, não escondem suas preocupações com as investidas constantes e tentadoras dos concorrentes em todos os pontos do Estado. São muitos os deputados que ainda aguardam o cumprimento de promessas do ex-governador Camilo Santana (PT) de liberação de recursos para pequenas obras em municípios cearenses, e, por certo, quando a governadora falou em prazos do Calendário Eleitoral, deixou a porta aberta para que eles apresentem suas pendências.

Não por acaso, o assessor do Governo responsável pelas demandas dos deputados, Nelson Martins, estava no encontro de hoje. Nelson, que ao longo dos últimos oito anos esteve ao lado do ex-governador Camilo Santana, cuidando dos interesses dos parlamentares junto ao Executivo (ele também esteve ao lado de Cid Gomes, por oito anos, embora em posições diferentes), está aguardando o momento do início da campanha senatorial de Camilo, para auxilia-lo na empreitada. E ele precisa, antes disso, solucionar os problemas dos parlamentares para não levar dificuldades para a campanha de Camilo. A partir de agora, não é mais o deputado que precisa do ex-governador. É o ex-governador que precisa do deputado para pedir votos para ele ser eleito senador. Inverteram-se as posições.

A governador Izolda Cela, pelas limitações da legislação eleitoral, há de ser parcimoniosa nas suas ações políticas, inclusive nas de interesse imediato dos correligionários do seu partido, o PDT. Ademais, as atenções políticas dos adversários do PDT, na disputa presidencial, inclusive o PT do ex-governador Camilo Santana, farão com que ela, enquanto chefe do Executivo estadual, mais cautelosa fique no campo político. Pessoalmente, dúvida nenhuma há quanto à sua participação pessoal em defesa da candidatura presidencial de Ciro Gomes, o mesmo não acontecendo em relação à campanha senatorial de Camilo, a não ser que esta seja atrelada à de Ciro, o que provavelmente não será, tanto por implicações legais, como, principalmente, pela pressão que o ex-governador sofrerá dos seus correligionários petistas.

Todos os deputados que almoçaram com a governadora Izolda Cela, sabiam que ela ia sair dali direto para o Município de Caucaia, mas, ao contrário da época Camilo Santana, eles preferiram não acompanhá-la, participando do evento naquela cidade apenas os deputados que vão ser votados lá pelo prefeito Vitor Valim, no caso Salmito Filho e Walter Cavalcante. A simplicidade dela não estimula a presença de claques para a tristeza daqueles que só são elogios a quem quer que esteja no poder, sempre dispostos a dizer que não têm culpa de o Governo mudar de quatro em quatro anos, e em algumas ocasiões até em menos tempo. O ex-governador Camilo tinha um grupo que sequer o deixava almoçar sozinho. Nos últimos dias como governador esse grupo ficou desolado, pois Camilo não teve mais espaço para os seus integrantes.