Ilário Marques (centro) ao lado do prefeito Sarto e do presidente do PT Ceará, Conin, durante solenidade de posse como secretário municipal. Foto: Divulgação.

A decisão do Partido dos Trabalhadores (PT), em dezembro de 2020, de que faria oposição ao prefeito de Fortaleza, José Sarto, pegou alguns analistas de surpresa, uma vez que a sigla havia apoiado o então candidato do PDT no segundo turno das eleições municipais naquele ano.

No entanto, no decorrer dos meses, o posicionamento da legenda, aprovando a quase totalidade das matérias do Poder Executivo, e sendo mais branda nas críticas do que a chamada “oposição bolsonarista”, demonstrava que era apenas questão de tempo até que a sigla estivesse alinhada com a gestão pedetista.

Pesou, porém, a participação do governador Camilo Santana (PT), entusiasta de uma aliança PT/PDT no pleito de 2022. Foi ele quem articulou para que Ilário Marques, então secretário executivo de Políticas Sobre Drogas no Governo do Estado assumisse a vaga que até então era de Cláudio Pinho, na secretaria municipal de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social.

Recentemente, o Blog do Edison Silva publicou matéria mostrando que a oposição petista evitava críticas mais contundentes ao prefeito Sarto e votava, na maioria das vezes, com o Governo. Em algumas situações, vereadores petistas foram vistos em solenidades públicas ao lado do chefe do Poder Executivo. Os momentos em que o PT de Fortaleza se posicionou contrário a propostas da gestão de forma mais firme foi quando da discussão da Reforma da Previdência, no início de 2020, e em dezembro passado, ao votar contra o projeto que versa sobre a tarifa de lixo na Capital cearense.

Então líder do PT na Câmara, o vereador Ronivaldo Maia chegou a afirmar ao Blog que a diferença dos petistas para os demais opositores era a de que a sigla não tinha cargo no Governo Municipal, dando a entender que outros teriam. No entanto, agora, esse argumento cai por terra, já que a legenda não só tem uma função na gestão Sarto, mas no primeiro escalão.

A ida de Guilherme Sampaio para assumir mandato de deputado na Assembleia Legislativa, em agosto, também colaborou para um tom mais ameno dos petistas na tribuna da Câmara, já que quem assumiu no lugar de Guilherme foi o suplente Dr. Vicente, que tem uma postura de conciliação, não é do confronto. Vicente continua na Câmara após o pedido de licença de Ronivaldo Maia, preso por tentativa de feminicídio.

A vereadora Larissa Gaspar (PT) chegou a dizer que a oposição feita pelo PT na Câmara de Fortaleza busca diálogo com a gestão, sem deixar de cobrar iniciativas para melhoria do povo. “Não se pauta em ataques pessoais e disputas eleitoreiras”. Ela esteve em evento ao lado do prefeito Sarto, inaugurando obra demandada por seu mandato.

A parlamentar, assim como seu colega de partido, Guilherme Sampaio, que preside o PT de Fortaleza, são pretensos candidatos a uma vaga na Assembleia Legislativa. Com isso, devem reduzir ainda mais o tom de críticas à gestão a partir deste novo momento. A oposição, de fato, deve ser tocada pelos seis parlamentares da ala bolsonarista que fazem parte do grupo liderado no Ceará pelo deputado federal Capitão Wagner (PROS).