Ato de filiação do ex-procurador da República, Deltan Dallagnol (centro), ao Podemos. Foto: Podemos/Divulgação.

Deltan Dallagnol, o ex-coordenador da extinta Operação Lava Jato, entrou — agora oficialmente — na política. Ele se filiou ao Podemos na sexta-feira (10) em Curitiba. Antes tinha sido, o ex-juiz Sergio Moro, o General Santos Cruz e o deputado federal Maurício Dziedricki (RS).

Em seu discurso, contrariando sua atuação pretérita como procurador da República (de 2003 a 2021), assumiu compromisso com a defesa da democracia e o combate à corrupção. E involuntariamente relembrando seu passado, também se comprometeu com a “preparação política”.

Quando atuou como membro do Ministério Público, Dallagnol já tinha uma campanha para chamar de sua: o lobby pelas “dez medidas contra a corrupção“.

Entre outras medidas antidemocráticas, o pacote desenhado chegou a prever o uso de provas ilícitas e restrições à impetração de Habeas Corpus. A empreitada política do então procurador foi bancada com dinheiro do próprio MPF. Agora, ele deve ser candidato a deputado federal, no pleito do ano que vem.

Deltan Dallagnol assume a segunda vice-presidência do Podemos no Paraná, ao lado de Sergio Moro que já ocupa a primeira vice-presidência do partido no Estado.

“Nossa turma é a do Podemos. Não é a do mensalão, não é a turma do petróleo, não é a turma da rachadinha. Aqui não precisamos esconder ninguém, podemos sair às ruas juntos. Essa tem que ser a cara da política do país”, afirmou Sergio Moro no discurso e boas-vindas ao colega.

Deltan Dallagnol chegou ao Podemos com um discurso de combate à corrupção.

“A corrupção gera pobreza e gera subdesenvolvimento. Ela não é o único problema do Brasil, mas ela é, comprovadamente, um problema central do nosso país. Muitas pessoas perderam parentes, perderam seus amigos, porque o dinheiro desviado pela corrupção não chegou aonde ele deveria ter chegado”, disse o novo filiado.

Resta saber se a tentativa será exitosa. Segundo advogados ouvidos pela ConJur, Dallagnol é tecnicamente inelegível.

Sem a definição de uma quarentena para barrar a migração de quadros jurídicos para a política — evitando que juízes e promotores usem seu arsenal institucional para fazer política —, Dallagnol será correligionário de um velho conhecido seu, com quem poderá voltar a fazer dobradinha: Sergio Moro, o ex-juiz da 13ª Vara de Curitiba e ex-ministro de Bolsonaro, filiou-se ao mesmo partido há um mês.

Fontes: site ConJur e Podemos.