Vice-presidente da Câmara de Fortaleza, Adail Júnior, do PDT, afirmou que a Casa é contra o que ele chama de “ideologia de gênero”. Foto: CMFor.

Seja na Câmara Municipal de Fortaleza ou na Assembleia Legislativa do Ceará tem avançado a quantidade de matérias com teor comportamental, visando normatizar determinados costumes da população.

A maioria dessas propostas tem sido apresentada por parlamentares ligados a igrejas da chamada “bancada religiosa”, que muitas das vezes, demonstram preocupação com os rumos dos costumes da sociedade.

Nas últimas duas semanas, o principal tema debatido no Legislativo da Capital cearense teve como foco placas instaladas em banheiros da Rede Cuca contra a transfobia. Vereadores conservadores, porém, entenderam que o informativo poderia ser porta de entrada para delitos, como abuso sexual de crianças.

Quando o tema sobre comportamento se impõe nas discussões da Casa, oposicionistas de direita e governistas conservadores abraçam a causa de forma unânime.

Até membros do PDT, partido da socialdemocracia, que se declara de centro-esquerda, atuam ao lado de conservadores quando a pauta é comportamental. O vice-presidente da Câmara Municipal, Adail Júnior, que é membro da legenda, por exemplo, durante discussão sobre o tema, reiterou que a Casa já se posicionou contra o que ele denomina “ideologia de gênero”. O parlamentar disse apoiar a posição da Câmara e que isso deve ser respeitado pelos demais.

Na bancada pedetista, aliás, somente Júlio Brizzi tem feito defesa da comunidade LGBTQIA+ no que diz respeito ao tema dos banheiros. Dois projetos, inclusive, foram apresentados por Carmelo Neto (Republicanos) e Julierme Sena (PROS) proibindo a instalação de banheiros de comum uso para pessoas de sexo diferente.

Na Assembleia Legislativa, o deputado Apóstolo Luiz Henrique (PP) protocolou projeto semelhante, mas com validade para todo o território cearense.

Ele quer, ainda, proibir a realização do Carnaval 2022 no Ceará, alegando como justificativa, o fato de ainda estarmos vivendo um período de pandemia. Mas Luiz Henrique, que é dono de igreja evangélica em Fortaleza, quando do decreto mais rígido de distanciamento social, brigou para que os templos religiosos fossem abertos.

Aliás, recentemente, ele esteve alinhado com Dra. Silvana (PL) e outros deputados da “bancada religiosa” para retirar do Projeto Educa Mais os termos que faziam menção à abordagem de sexualidade e gênero nas escolas públicas do Estado. Soma-se a esses parlamentares David Durand (Republicanos), Walter Cavalcante (MDB), André Fernandes (Republicanos), Delegado Cavalcante (PTB) e outros, independente de serem base governista ou oposição.

Ainda na Câmara Municipal de Fortaleza, recentemente chamou atenção a sanção pelo prefeito Sarto de um projeto aprovado pela Casa criando a Semana Pela Vida, contra o aborto, de autoria do vereador Jorge Pinheiro (PSDB). Outras matérias com teor semelhante ainda tramitam na Casa como a criação da Semana da Proclamação do Evangelho e da Semana de Promoção da Cultura Evangélica, ambas de autoria da vereadora Tia Francisca.

A tendência é que este tipo de matéria, bem como os temas tratados nas tribunas da Assembleia Legislativa e Câmara de Fortaleza, continuem sendo o foco de alguns parlamentares, principalmente, aqueles que estão de olho no pleito do próximo ano. Isso porque são assuntos que os colocam em evidência, seja pela polêmica gerada, seja por ser uma pauta que que causa engajamento do eleitorado.