Júlio Brizzi solicitou votação nominal da proposta e disse que o Movimento Ceará Livre publica notícias falsas e críticas ao Governo do Estado. Foto: CMFor.

A confusão se instalou na sessão ordinária da Câmara Municipal de Fortaleza na manhã desta quarta-feira (17). Tudo por conta de um requerimento de autoria do vereador Carmelo Neto (Republicanos), que queria realizar uma solenidade em homenagem ao grupo bolsonarista “Movimento Ceará Livre”.

Depois de muito bate-boca, e acusações de manipulação de voto, a Casa rejeitou a proposta por 17 votos contrários e 16 favoráveis.

O líder do PDT, o vereador Júlio Brizzi, solicitou votação nominal ao requerimento, o que gerou críticas por parte dos parlamentares bolsonaristas. Durante a votação, eles chegaram a dizer que quem estaria votando contra a proposta, estava se colocando contrário a comerciantes e empresários, o que foi contestado por outros vereadores.

De acordo com Brizzi, durante a atual Legislatura, diversos requerimentos semelhantes, com teor simples, foram derrubados pela Casa com votação nominal, a pedido dos vereadores bolsonaristas, como a moção de aplausos ao jornalista Glenn Greenwald e homenagem ao aniversário de fundação do MST. Os parlamentares que votaram contra essas medidas, inclusive, foram às redes sociais comemorar a derrubada dos requerimentos.

“Nada contra o vereador Carmelo, mas estamos vendo aqui interrupção da fala de colegas, ameaças e questionamentos do papel da Casa. Você foi contra requerimentos de homenagem à vice-governadora Izolda, ao Cid Gomes, e é da democracia. Eu fui pesquisar e esse grupo não é um movimento de empresários. O que tem aqui é só batendo no Governo, sem propostas“, disse Júlio Brizzi, destacando que Carmelo Neto aparece no quadro societário do Movimento Ceará Livre como presidente.

O vereador Ronivaldo Maia (PT) destacou que o grupo, formado há apenas três anos, é reconhecido por propagar notícias falsas nas redes sociais e fazer a defesa de pautas que enaltecem o presidente Jair Bolsonaro. Carmelo Neto, por sua vez, assim como Jorge Pinheiro (PSDB), afirmaram que, a partir de agora, solicitarão votação nominal em requerimentos em que forem contrários.

De acordo com eles, havia um acordo na Casa Legislativa para se evitar polêmicas em matérias de teor ideológico, para evitar desgaste para a Câmara Municipal, o que teria sido desfeito. “Fizeram um enxame, uma tempestade num copo d’água. Quem pede guerra, vai ter guerra. O líder do prefeito votou não. Não é uma pauta ideológica do líder do PDT, é ação do Governo. A Casa esteve pacificada. Não vou esquecer o que fizeram no dia de hoje”, ameaçou Carmelo.

Ainda durante a votação, os parlamentares bolsonaristas questionaram a votação e pediram recontagem dos votos. Líder da oposição, Márcio Martins (PROS) afirmou que um voto da vereadora Tia Francisca (PL), favorável à matéria, havia sido retirado. De acordo com o presidente da Mesa Diretora, Antônio Henrique (PDT), isso aconteceu por um erro do vereador Pedro França (Cidadania), que estava registrando alguns votos.

Por conta disso, Antônio Henrique afirmou que, a partir de agora, a presidência das sessões ordinárias não vai mais registrar os votos dos parlamentares, como estava sendo feito desde então. O chefe do Legislativo Municipal rechaçou qualquer questionamento sobre o processo de votação na Casa. “Nós jamais estaríamos fraudando algo que está sendo votado aqui nesta Casa, porque é algo que deve ser feito com muito zelo e segurança”.

Tia Francisca, consternada com as insinuações sobre o voto, pediu direito de resposta. “É triste a gente ouvir o que está ouvindo, deixando o voto de um amigo em dúvida. Deixa parecer que algo foi forjado. A gente faz política séria. Eu não votei. Foi um equívoco do colega, que pode ser perdoado. Mas se eu tivesse de votar, eu teria votado não. É muito triste e eu não permito deixar que meu nome fique em dúvida”, justificou.

Veja como votou cada vereador:

Favorável

Germano Heman (PMB)

Márcio Martins (PROS)

Sargento Reginauro (PROS)

Jorge Pinheiro (PSDB)

Ronaldo Martins (Repu)

Priscila Costa (PSC)

Estrela Barros (Rede)

Cônsul do Povo (PSC)

Bruno Mesquita (PROS)

Danilo Lopes (Pode)

Inspetor Alberto (PROS)

Ana do Aracapé (PL)

Emanuel Acrízio (PP)

Marcelo Lemos (PSL)

Julierme Sena (PROS)

Carmelo Neto (Repu)

Contrários

Larissa Gaspar (PT)

Adriana Nossa Cara (PSOL)

Júlio Brizzi (PDT)

Enfermeira Ana Paula (PDT)

Dr. Vicente (PT)

Pedro França (Cidadania)

Gabriel Aguiar (PSOL)

Eudes Bringel (PSB)

Léo Couto (PSB)

Lúcio Bruno (PDT)

José Freire (PSD)

Ronivaldo Maia (PT)

Didi Mangueira (PDT)

PPCell (PSD)

Professor Enilson (Cidadania)

Gardel Rolim (PDT)

Paulo Martins (PDT)