Imagem: Reprodução da coluna de Malu Gaspar do jornal O Globo.

O jantar para o ex-presidente Lula na residência do ex-senador Eunício Oliveira foi na última quarta-feira (6), mas ainda repercute no noticiário político nacional. Na edição desta segunda-feira (11) o site do jornal O Globo destacou, na sua capa, uma informação com a assinatura da jornalista Malu Gaspar, registrando as razões pelas quais alguns caciques do MDB não foram ao convescote, dentre as quais a de um dos convidados: “Eunício está querendo se fazer de importante. Mas o tempo dele passou”.

Os senadores Renan Calheiros e Eduardo Braga, segundo alegações tornadas públicas, não foram ao jantar “para não serem acusados de parcialidade ao aprovar um relatório da CPI da Covid que vai propor o indiciamento de Jair Bolsonaro”, mas naquela mesma noite, “Calheiros e Braga se encontraram com Fernando Bezerra, líder do governo no Senado e outros aliados do MDB, no apartamento de um amigo a poucos quilômetros do jantar de Eunício”.

E prossegue a jornalista Malu Gaspar, naquele “jantar do B” o comentário dos presentes era o de “que Lula havia escolhido o interlocutor errado (Eunício) para começar sua reaproximação com o MDB”. Hoje, o caminho natural do MDB na sucessão presidencial do próximo ano é seguir com o ex-presidente Lula. E para este, mesmo torcendo o nariz em razão do apoio dado pela agremiação ao impeachment da ex-presidente Dilma, é importante o apoio do partido do ex-presidente Temer que está para o MDB como Fernando Henrique Cardoso está para o PSDB.

Alguns senadores ligados a Renan Calheiros, inclusive o próprio, responsabilizam Eunício Oliveira pela eleição de Davi Alcolumbre para presidente do Senado. Eunício foi o presidente da sessão do Senado na eleição da Mesa Diretora em fevereiro de 2019. E a luta pelo voto aberto naquela sessão tirou Renan da disputa. Escreve a jornalista Malu Gaspar: “Calheiros e Braga até hoje debitam a derrota na conta de Eunício, que era então o presidente do Senado. Acham que ele conduziu de forma frouxa a sessão que aprovou o voto aberto para a presidência e acabou elegendo Alcolumbre”.

Eunício, de fato, está querendo colar sua imagem à de Lula, mesmo que sua pretensão, por falta de chance de estruturar uma campanha majoritária competitiva, seja disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, para a qual só depende do seu desprendimento de gastar, como fazem todos quantos não têm a necessária empatia com o eleitor. O pragmatismo dos caciques do MDB, vai exigir um pouco mais de esforço do ex-presidente Lula, quem sabe, até uma negociação direta com o ex-presidente Temer, o único sem mandato no partido que não motivará ciumeiras nas tratativas em nome da sigla.

Em termos de Ceará, não há dúvida, Eunício será beneficiado politicamente estando ao lado de Lula, mesmo não sendo o principal ator de sua campanha, pois muito além dele estarão os deputados federais petistas José Guimarães, Luizianne Lins e José Airton. A situação do governador Camilo é diferente. O seu principal aliado, o PDT, tem um candidato concorrendo com Lula, o Ciro Gomes. Isto, evidente, o inibirá de estar na linha de frente da campanha de Lula.

Eunício, porém, embora não seja beneficiado eleitoralmente trabalhando para a eleição de Lula no Ceará, satisfará o seu ego em ajudar a pedir votos contra Ciro, de quem é desafeto há mais de uma década. Eunício atribui sua derrota ao Senado, em 2018, a trabalho feito por aliados de Ciro.

Jornalista Edison Silva comenta sobre as movimentações políticas do ex-senador Eunício Oliveira (MDB):