Diariamente, Cavalcante vai à tribuna da Assembleia Legislativa em defesa de Bolsonaro. Excepcionalmente na sessão desta quinta-feira (28) isso não aconteceu. Foto: Reprodução/Instagram.

A carta do presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, endereçada ao presidente da República, Jair Bolsonaro, fazendo acusações e insinuações de corrupção do chefe do Executivo e de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota/RJ), deixou o presidente estadual da sigla no Ceará, Delegado Cavalcante, apreensivo.

O parlamentar é um dos principais defensores da gestão de Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Ceará, mas na sessão plenária desta quinta-feira (28) preferiu manter o silêncio.

Questionado sobre a situação, em que a carta constrange o presidente da República e demonstra um claro distanciamento entre ele e Roberto Jefferson, que está preso por ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Delegado Cavalcante afirmou que é preciso esperar o andamento do caso, aguardar o desenrolar de reuniões que estariam acontecendo em nível de Brasília.

O parlamentar também demonstrou desconforto pelo fato de grupos bolsonaristas terem compartilhado o teor da mensagem de Jefferson, o que inflamou os ânimos entre petebistas e aliados do presidente.

Segundo ele, de todos os partidos que existem no Brasil atualmente, o PTB é aquele que mais se aproxima das ideias defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro. Cavalcante destacou, ainda, que havia uma discussão para um eventual ingresso de Bolsonaro no partido, o que está praticamente descartado depois das acusações feitas por Jefferson.

Delegado Cavalcante também se incomodou com a repercussão da carta de Jefferson em publicação feita por André Fernandes (Republicanos), um de seus principais aliados na Assembleia Legislativa.

Nas redes sociais, Fernandes lembrou que o presidente do PTB está preso em Bangu 8 e que chegou a alertar que o presidente não se filiaria à sigla petebista. “Quando eu falei que Bolsonaro não iria pro PTB, muitos disseram que eu estava mentindo. Mais uma máscara caindo?”, questionou.

Carta

Preso desde agosto por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, Jefferson escreveu uma carta em que crítica o presidente Bolsonaro e o filho, Flávio Bolsonaro, pelo que classificou como “vício nas facilidades do dinheiro público”. O dirigente disse que o presidente cercou-se de “viciados em êxtase com dinheiro público”, citando nominalmente o líder do Centrão e ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e Valdemar da Costa Neto, do PL. “Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio”, escreveu.

Na carta, Jefferson diz que o PTB deve ter candidatura própria nas eleições de 2022 e orienta os líderes do partido a convidarem o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), para disputar a Presidência da República. “Vamos convidar o Mourão. O PTB terá candidatura própria, quem sabe apoiamos o Bolsonaro no segundo turno (…) Convide-o para a disputa a Presidência, quem souber percorrer a terceira via vencerá a eleição.”