Danilo Lopes (Podemos) lamenta os ataques a personalidades públicas como o educador Paulo Freire que foi “execrado” por bolsonaristas. Foto: CMFor.

É fato que desde o resultado das eleições presidenciais de 2018, o Brasil vem vivendo intensos embates políticos, tendo em vista a polarização que se sucedeu após a eleição do presidente Jair Bolsonaro. Para alguns vereadores de Fortaleza, porém, esse tipo de embate tem cansado a população, que não corrobora com determinados tipos de ataques. Para eles, essa situação não contribui para que o País supere as crises econômica, política e social que vem enfrentando já há alguns anos.

O vereador Danilo Lopes (Podemos), por exemplo, se disse surpreso com as diversas críticas que o educador Paulo Freire, patrono da educação brasileira, recebeu de aliados do presidente Jair Bolsonaro durante as comemorações de seu centenário. De acordo com ele, a tentativa de execrar o nome de Freire se dá simplesmente pela polarização existente hoje em dia no Brasil.

“Gente que nunca ouviu falar de Paulo Freire, mas que passou a criticá-lo porque recebeu no Whatsapp que ele é de esquerda, marxista e que a “Pedagogia do Oprimido” ensinou as pessoas a serem comunistas”, apontou o parlamentar. De acordo com Danilo, as pessoas perderam o senso crítico e não sabem mais discernir, ainda que tenham estudo.

“Isso está cansando a maior parte da sociedade brasileira. Posso até discordar de alguns pontos de Paulo Freire, agora não vou execrar a figura do educador que é o patrono da educação do Brasil. Isso me entristece muito e a tantos brasileiros que estão alheios a essa disputa de extremo que tomou conta da política. Quem será o próximo a ser execrado por um dos lados?”, indagou.

Para o vereador Ronivaldo Maia (PT), o problema está no fato de o Governo Federal, através da figura do presidente Jair Bolsonaro, estimular tais posicionamentos extremistas. O petista lembra que em nenhuma gestão passada qualquer chefe de Governo questionou os méritos de brasileiros, como atualmente fazem membros da Presidência da República.

“Não é razoável a gente ver o Ministério da Educação não celebrar essa data de 100 anos de Paulo Freire. O patrono da educação brasileira deveria ser respeitado pelo Ministério da Educação”, destacou Ronivaldo.

Vereador Gardel Rolim (PDT) também acredita que o povo brasileiro está cansado deste tipo de debate político. De acordo com ele, por muito tempo lamentou-se a falta de interesse político da população, mas agora as discussões que estão sendo realizadas em torno do tema são “rasteiras”.

“É muito comum as pessoas quererem destruir a imagem do outro, sem nenhum conhecimento concreto. As pessoas sequer têm o trabalho de ler. Esse é o momento triste em que estamos vivendo no nosso País. Se abre as redes socais e vai encontrar pessoas atacando a honra sem nenhum pudor. E fazem da pior maneira possível”, lamentou.

Para Márcio Martins (PROS), muito dessa discussão em torno do nome de Paulo Freire, se deve a grupos que se apropriaram da obra do educador, e dessa forma a identidade de Freire passou a ser associada a essa parte da sociedade. “Essa turma se apoderou da obra de Paulo Freire sem que ele tivesse chancelado. Muita gente passou a odiar a figura dele sem nunca sequer ter lido”, disse.