A comissão quer saber mais detalhes sobre as negociações para a compra das vacinas. Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado.

Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediram a reconvocação de Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, para depor na CPI da Covid.

Para Alessandro, as investigações deixam claro que a gestão de Franco foi pautada por critérios político-ideológicos vindos de Jair Bolsonaro, e não por critérios técnicos, e isso prejudicou o combate à pandemia.

A ex-coordenadora do PNI, Francieli Fantinato, em depoimento nesta quinta-feira (08), avaliou que a militarização da pasta levou a uma gestão centralizada e falta de conhecimento técnico.

Francieli também confirmou que o PNI defendeu acordo para comprar a CoronaVac desde junho de 2020, mas que não teve a palavra final, o que atrasou a compra da vacina. Disse, ainda, que o PNI defendeu uma cota no consórcio internacional Covax Facility de 140 milhões a 242 milhões de doses, contudo, o governo optou pela cota mínima, de 42 milhões.

Intimidação

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), fez referência à nota divulgada ontem pelo ministro da Defesa, Braga Netto, com críticas ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

— Foi um precedente inusitado. A CPI não pode ser ameaçada sob qualquer pretexto. Estamos desmascarando um esquema no Ministério da Saúde que levou à morte de brasileiros. Se isso vai desvendar a participação de civis ou militares, não importa. Não investigamos instituições, investigamos pessoas. Não confundimos Pazuello com as Forças Armadas. O país respeita as FAs, mas não podem confundir o que fazemos ou nos intimidar. (…) Se Pazuello, Bolsonaro e Elcio Franco participaram do morticínio, não contaminam as Forças Armadas. Saberemos a quem responsabilizar — disse Renan.

Depoimento

Após depoimento de mais de seis horas, da ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunização (PNI), Francieli Fantinato, foi encerrada a sessão.

A CPI volta a se reunir nesta sexta-feira (9), a partir das 9h, quando ouvirá William Santana, da divisão de Importação do Ministério da Saúde. De acordo com o depoimento de Regina Célia, fiscal de contratos da pasta, na terça-feira (06), Santana foi o responsável pela liberação da importação da Covaxin.

William Santana também foi citado por Luis Roberto Miranda, servidor do ministério, como um dos que fizeram “pressões atípicas” para a compra destas vacinas.

Fonte: Agência Senado.