Congresso Nacional em Brasília/DF. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado.

Duas pessoas olham através da mesma janela; uma vê as estrelas, a outra, o campo…”.

A visão de duas pessoas, remetendo à analogia do “espetáculo” diário da CPI, serve apenas para o argumento das escolhas individuais diferentes para focar sobre o descortinar do mesmo quadro.

A visão das estrelas e do campo acalma, inebria; já a visão sobre tela da CPI, confunde, apavora, desanima, decepciona. Quo vadis? – para onde vais? Desde a janela, pode-se escutar a canção Kothbiro, que nasceu no abrigo de uma família pertencente ao povo Luo do Kênya e significa a chuva está chegando – traga as crianças pra dentro.

Esse espetáculo diário da CPI, prenuncia-se como um furacão raivoso, devastador e de consequências imprevisíveis a serpentear com violência no palco onde verdadeiras feras disputam pelo troféu que sairá da surpresa das urnas. Para onde vamos? De que lado ficamos? Onde estaremos quando tudo isso acabar?

Nós, que pagamos o soldo — moedas de ouro da Roma antiga — desses guerreiros que alardeiam brigar pelo povo, resta-nos acreditar na honestidade dos propósitos de cada exército, empunhando bandeiras de cores diferentes e armas letais, em forma de palavras, entre chulas, ameaçadoras, cortantes.

E se depois das chuvas passarem, porque o aviso Kothbiro é diário; todo dia, um furacão cada vez mais ameaçador, ainda assim estaremos distantes dos vitoriosos e talvez, ajoelhados diante da última alternativa, tenhamos forças para bradar em uníssono: “salve, esperança, morituri te salutante!”– os que vão morrer te saúdam. 

*A.Capibaribe Neto*