Senador Ciro Nogueira (PP/PI) abraça presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Foto: Agência Brasil.

Mesmo sem a confirmação oficial, integrantes do PP cearense já comemoram a indicação do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, para ser ministro da Casa Civil do Governo Bolsonaro, com o objetivo de cuidar da relação política do presidente com o Congresso Nacional. O senador, comandante do maior partido do bloco conhecido como Centrão, tem uma boa ligação com o deputado federal cearense, AJ Albuquerque, presidente estadual da sua agremiação.

O PP do Ceará é o maior partido da base aliada do governador Camilo Santana, depois do PDT, na Assembleia Legislativa. Antes mesmo de ser cogitado para o ministério, Ciro Nogueira já era apontado como um provável candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, gerando especulações sobre a permanência do seu partido no grupo governista cearense em razão da postulação de Ciro Gomes (PDT) que, com o ex-presidente Lula, são os fortes adversários de Bolsonaro.

Lideranças do partido de Nogueira reconhecem haver um certo desconforto, quanto a essa relação do partido com o presidente Bolsonaro, mas tranquilizam o grupo governista local quanto à manutenção da aliança para a sucessão do governador Camilo Santana, inclusive com pretensões de participarem da chapa majoritária, cujo candidato a governador só deve ser escolhido no primeiro semestre do próximo ano, apesar das especulações envolvendo alguns nomes.

No entendimento de filiados ao PP, o partido mantendo-se no bloco que apresentará o candidato à sucessão do governador, tende a sair da disputa fortalecido, principalmente quanto à eleição de candidatos à Assembleia Legislativa e Câmara Federal, pois contará com as benesses do Poder correspondentes ao simbolismo do tamanho do seu apoio. Nas eleições municipais do ano passado, o PP apoiou a eleição do atual prefeito José Sarto e, continua participando do secretariado municipal desde a administração anterior, do ex-prefeito Roberto Cláudio. O secretário do PP na Prefeitura de Fortaleza é Rodrigo Nogueira, primo do senador Ciro, cujo tio, o piauiense Etevaldo Nogueira Lima, foi deputado estadual e federal pelo Ceará, em várias legislaturas.

No Ceará, o PP e PSD disputam mais espaços na mesma base governista. Ambos querem ter lugar na chapa majoritária e, os entendimentos nacionais sobre a sucessão presidencial são elementos que podem agregar alguma coisa nas pretensões de ambos. Os dirigentes das duas agremiações estão certos de que serão liberados no Ceará para continuarem onde estão, independentemente da briga entre os principais candidatos à Presidência da República, dentre eles Ciro Gomes, o líder do grupo do governador Camilo Santana. Acrescente-se a essa miscelânea o PT do governador, também interessado em crescer ou manter o que tem à sombra do Governo, como acontece há alguns anos.

Ademais, dos três partidos, o PT é o único que até agora está certo de participar da chapa majoritária, pois é consenso, nos diversos partidos da aliança, que o governador Camilo será o nome para a disputa da única vaga de senador, assim como é certo que sairá dos quadros do PDT o nome do candidato a governador, portanto ficando para o PP e o PSD apenas a vaga de vice-governador para ser, ou não, destinada a um dos dois. Por questão de sobrevivência, os líderes de todas as agremiações citadas fecharão questão, nos seus partidos, para continuarem no mesmo grupo que elegeu Camilo em 2018.

A decisão final do PSD, que articula uma candidatura presidencial própria, também pode fortalecer o seu partido na sucessão cearense. O deputado federal Domingos Neto, antes mesmo de sua agremiação nacionalmente avançar nas tratativas para ter um candidato a presidente, já disse que reivindica uma vaga na chapa majoritária governista.

Jornalista Edison Silva comenta a repercussão no Ceará do PP assumir a Casa Civil do Governo Bolsonaro: