A saída de Salles neste momento também visa tirar o foco da compra superfaturada da vacina Covaxin, segundo Roseno. Foto: ALECE.

O deputado estadual Renato Roseno (PSOL) comentou a saída do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, classificando-o como o “mais incompetente, irresponsável e criminoso” dos ministros que já ocuparam aquela pasta. Roseno destacou que o ex-ministro mergulhou o Brasil numa situação de crise ambiental, desmontou órgãos de fiscalização e flexibilizou a legislação ambiental.

Na avaliação do parlamentar, o pedido de demissão do ministro foi um estratagema jurídico, tendo em vista que ele estava em vias de ser preso no inquérito que tramita contra ele no STF. “Ele saiu para não ser preso pelo STF. Ele viu que o número de provas contra ele, e o inquérito contra ele no STF iria produzir sua prisão, e com a saída ele modifica o foro, vai para a primeira instância. Foi uma tentativa de ganhar tempo para armar a própria defesa”, explicou o parlamentar ao Blog do Edison Silva.

Cortina de fumaça

Para Roseno, a saída de Salles na quarta-feira (23) tem a tentativa de gerar um fato novo para ofuscar o escândalo da compra da vacina Covaxin por um valor 1000% mais alto. “Quando do escândalo do Queiroz, o Weintraub cai. Veio o escândalo da Covaxin, o Salles cai. Tanto é que a mídia está falando agora do Salles, mas tem que falar também da Covaxin. Essa estratégia diversionista é típica do bolsonarismo, quando tem alguma questão que pode o fragilizar, ele gera uma estratégia para confundir e tirar o foco daquilo que é um escândalo”, acrescentou.

Roseno também criticou o Governo Federal pela compra da vacina Covaxin nos valores citados e ressaltou ser preciso proteger o servidor público, que fez a denúncia de que foi pressionado a fechar essa compra. “É um escárnio contra a saúde pública e o dinheiro do povo. Um desrespeito que precisa ser profundamente investigado. Quem foi que deu a ordem, quem foi que se beneficiou e por que o presidente da República, ao tomar conhecimento disso, nada fez?”, questionou.

Pessimismo

Renato Roseno criticou ainda o aparelhamento da Polícia Federal, assinalando que o delegado que requereu o indiciamento do ex-ministro foi exonerado do cargo, e afirmou que o substituto de Salles “é tão ruim quanto ele”. “Felicito a queda, mas não tenho otimismo que a política vai mudar, porque não vai, infelizmente”, lamentou.

Em aparte no plenário da Assembleia Legislativa do Ceará, o deputado Elmano Freitas (PT) disse que o ex-ministro Ricardo Salles operava de forma evidente contra o meio ambiente, emitindo parecer para liberar madeira ilegal. “Como se não bastasse, ele vai até o local onde a madeira está apreendida. E o delegado da Polícia Federal abre contra ele um inquérito, para investigar. No Governo Bolsonaro, em vez do delinquente se explicar, o delegado é exonerado”, comentou.

Para Elmano, a situação demonstra que o discurso contra a corrupção era “apenas propaganda para fazer disputa política”. “No governo Bolsonaro, não podemos esperar proteção do meio ambiente. Só temos uma solução que é derrotar o Governo Bolsonaro, para que o País tenha minimamente um debate sobre política ambiental”, pontuou.