Ex-deputado estadual e atual prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT). Foto: ALECE.

O nome do prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), tem sido ultimamente apontado como uma das opções para a sucessão do governador Camilo Santana, ao lado da vice-governadora, Izolda Cela, candidata natural à reeleição no caso de renúncia do governador para disputar a vaga de senador da República. Antes do recrudescimento da pandemia do coronavírus, discretamente, Ivo andou fazendo algumas visitas a prefeitos da região Norte. Hoje, após Ciro ter declarado que ele é uma liderança que “vem aí”, aquelas visitas passaram a ser apontadas como caminhadas de candidato.

A afirmação feita por Ciro, em recente entrevista concedida ao jornalista Fábio Campos, quando tratava de novos nomes da política cearense apoiados por ele, incluiu além do próprio governador Camilo Santana “que liderará a sua sucessão”, o do deputado federal Mauro Filho, e o do ex-prefeito Roberto Cláudio, dentre outros. O governador, embora Ciro diga que será o comandante da sua própria sucessão, terá de discuti-la com a vice-governadora e com a direção estadual do PDT, representada pelo senador Cid Gomes e ele Ciro. Izolda só não discutirá o nome do candidato ao Governo em 2022 se renunciar junto com Camilo.

Não há como ser mensurada, individualmente, a amizade dela com os irmãos Ciro, Cid e Ivo, mas há quem afirme que sua afinidade maior é com o Ivo. Não sendo ela própria a candidata, como aventam alguns, por não ser dada a enfrentamento, notadamente como o que se projeta para a próxima disputa governamental, quem a contestará se no momento da avaliação dos nomes de prováveis candidatos, ela apresentar as qualidades de Ivo para o cargo? Por certo, Camilo não o fará, e nem tampouco os demais liderados pretendentes à chefia do Executivo estadual cearense.

No último aniversário, comemorado na Serra da Meruoca, na presença de políticos correligionários, empresários e amigos, Cid chegou a afirmar que ia demorar uma candidatura de Ivo ao Governo do Ceará. Mas, na política, também pelo surgimento de algumas circunstâncias, discursos acabam sendo atropelados. Hoje, a hegemonia do grupo governista no Ceará já pode ser considerada longeva. A sua oposição ainda é pequena, mas poderá estar na campanha do próximo ano um pouco maior do que foi até hoje, e por certo a tendência é crescer. Por isso, os projetos de médio e longo prazos são forçados a ser antecipados.

E uma das razões de antecipação seria a candidatura de um dos que podem garantir a continuidade, embora não seja o único confiável para tanto, mas o que não trabalhará para ter o seu próprio grupo. A cisão em 2016, provocada pela eleição do presidente da Assembleia, resultou no afastamento do grupo político liderado pelo ex-vice-governador Domingos Filho, hoje presidente estadual do PSD, motivou a extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), à época presidido por Domingos. Agora, passada a fase tensa do rompimento, está tudo apaziguado, mas a lição foi bem assimilada. Os subgrupos consolidados, ou em formação na base governista, são uma advertência para Ciro e Cid Gomes.

Ivo foi reeleito prefeito de Sobral, em 2020, com a mesma vice, Christianne Coelho, filiado ao PT. Só o fato de ela ter integrada a chapa da reeleição já mostra que é uma pessoa da confiança de Ivo e dos seus irmãos, por isso não gera preocupação, como, recentemente não gerou Veveu, quando, como vice, substituiu o ex-prefeito Leônidas Cristino, no meio do mandato, para ele ser candidato a deputado federal. Nenhuma das lideranças  governistas responsáveis pela escolha do candidato para disputar a sucessão do governador Camilo, óbvio, vai falar sobre discussão em torno dos nomes de Ivo, Roberto Cláudio, Mauro Filho ou qualquer outro.

A antecipação da sucessão na parte governista acontece apenas pela movimentação de alguns interessados em disputar o cargo de governador, embora eles próprios tenham ciência de que só no próximo ano o senador Cid começará a tratar do tema, partindo, evidente, da manifestação dos representantes do PSD, um dos principais partidos da aliança, interessado em ter um cargo na chapa majoritária, ou mais precisamente o de vice-governador, respeitando a força do PDT para indicar o candidato a governador e a pretensão do governador Camilo de disputar a vaga de senador.

Jornalista Edison Silva comenta a entrada do nome do prefeito Ivo Gomes no jogo político da sucessão do Governo do Ceará em 2022: