O vereador Gabriel Aguiar lembrou que seu pai foi preso durante a Ditatura Militar. Foto: CMFor.

Alguns vereadores de Fortaleza defendem uma luta constante contra a implantação de uma ditadura no País e lamentam os posicionamentos do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre o tema.

De acordo com os parlamentares, o dia 31 de Março de 1964, é momento de relembrar o período da implantação da Ditatura Miliar com tristeza e não como celebração.

“Os seguidores do presidente Bolsonaro querem celebrar um regime que matou 191 pessoas, o que se tem registrado, e torturou outras tantas. É inadmissível que hoje a gente tenha, ocupando a cadeira da Presidência, um sujeito que quer comemorar um período nefasto da nossa história”, criticou a vereadora Larissa Gaspar, do Partido dos Trabalhadores (PT).

De acordo com ela, o regime militar, iniciado no dia 1º de abril de 1964 e que teve duração de mais de 20 anos, foi responsável por sequestros, estupros, assassinatos e ocultação de cadáveres. Segundo disse, é preciso reconstruir um projeto político que priorize a democracia e a dignidade de seu povo.

“É lamentável que o presidente [Bolsonaro] venha verbalizar que o erro da ditadura foi torturar e não matar. Imagino que ele esteja satisfeito em bater a meta dele, já que o Brasil se encontra com mais de 300 mil mortes por Covid”, disse.

Gabriel Aguiar, do PSOL, lembrou que seu pai, quando tinha 18 anos, foi preso pela ditadura militar e passou 10 meses em privação de liberdade, sendo torturado e tendo a honra de sua família manchada. “Essa situação triste e violenta que ele viveu se repetia com muitos pais, mães e avós. Meu pai foi solto e muitos anos se dedicou aos povos do campo, trabalho com a agricultura familiar e eu sou muito grato de poder aprender com ele”, contou.

De acordo com o socialista, se faz necessário pontuar o momento difícil pelo qual passou a sociedade brasileira para se evitar que venha a ser repetido. “E quero me somar aos outros que gritam ditadura nunca mais”. O presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), afirmou que é importante destacar esses momentos para se evitar que períodos como esses aconteçam novamente.

“Como disse Ulysses Guimarães, ‘a gente tem ódio e nojo da ditadura’. Um regime onde centenas de pessoas foram torturadas, muitos exilados e até hoje famílias não sabem o paradeiro de seus filhos”, afirmou Júlio Brizzi, do PDT. Ele também disse se preocupar em ter um presidente eleito que sempre defendeu a ditadura, inclusive, se posicionando favorável ao fuzilamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardosos (PSDB) e que 30 mil pessoas morressem no País.

“Um presidente que tem desprezo pela vida humana, pelo contraditório, pela democracia. A gente precisa estar lutando contra a ditadura. Todos os prejuízos que a gente teve, o apadrinhamento e aparelhamento da máquina pública, a desigualdade, a fome, a violência foram culpa desse período. A gente não quer que isso se repita”, pontuou o pedetista.