Luciano Huck (sem partido), João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), João Amoêdo (NOVO), Luiz Henrique Mandetta e Eduardo Leite (PSDB). Fotos: Agência Brasil.

Os mais otimistas quanto ao surgimento de um candidato com reais condições de disputar o cargo de presidente da República com o atual chefe da Nação, Jair Bolsonaro, receberam com ceticismo o manifesto assinado por seis pretensos presidenciáveis (Ciro Gomes, Eduardo Leite, João Amoêdo, João Doria, Luciano Huck e Luiz Henrique Mandetta), conhecido na última quinta-feira (01).

O documento, apresentado como manifesto em defesa da Democracia, contra as ameaças do presidente Bolsonaro, sinaliza para a união dos signatários na formação de uma frente a se contrapor com as posições radicais da direita, representada por Bolsonaro, e da esquerda, cujo expoente é o ex-presidente Lula, agora, salvo decisões judiciais em contrário, livre para participar da disputa presidencial de 2022.

Vai ser muito difícil encontrar um candidato que atenda aos interesses de todos os que assinaram o tal documento, e a seus respectivos partidos. E depois, sem a volta de Lula à condição de inelegível, só um fato deveras extraordinário evitará a tão contestada polarização entre direita e esquerda. Um manifesto do tipo, apesar da importância dos seus autores, acaba sendo apenas mais um fato de animação do momento político nacional.

E o fato de o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, um dia após a publicação do documento, admitir a possibilidade de Ciro não ser candidato a presidente da República, tendo no grupo ou fora dele um candidato melhor para derrotar Bolsonaro, confirma a animação gerada. Ciro só não será candidato a suceder o atual presidente, se o seu partido negar-lhe a legenda, como fez o PSB, para evitar que ele concorresse com a ex-presidente Dilma Rousseff.

O discurso de Lupi, sobre o PDT abrir mão de ter Ciro candidato à Presidência da República, poderá ser repetido por outros dirigentes partidários. É uma retórica demagógica para passar a ideia de que todos os partidos de oposição quererem contribuir para derrotar Bolsonaro. E é verdade, sim, todos pretendem defenestrar o presidente, contanto que seja com o seu candidato. Ademais, só agremiações com candidatos a presidente têm chances de formar bancadas mais robustas na Câmara dos Deputados.

Claro mesmo só ficará o quadro da sucessão presidencial, agora ou mesmo no próximo ano, quando decidida estiver definitivamente a situação jurídica quanto à legibilidade ou não do ex-presidente Lula. Queiram ou não, ele liberado para ser votado, é o eleitor mais importante da oposição brasileira atualmente. E, persistindo a realidade de hoje, a terceira via, muito necessária para oxigenar os nossos quadros da política, pode até ser um instrumento da consolidação da atual polarização.