O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) sempre foi um parceiro, no Ceará, do grupo liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes. O ex-prefeito de Juazeiro do Norte, José Arnon Bezerra, comandou até agora o partido, ora sendo ele próprio o presidente da agremiação, e, mais recentemente foi o seu filho, deputado federal Pedro Bezerra. Nas eleições municipais do ano passado, Roberto Jefferson, controlador da agremiação no Brasil, não gostou da coligação do PTB com o PDT para a eleição do prefeito Sarto. Arnon foi afastado da presidência, mas o filho ocupou o seu lugar, e tudo ficou na mesma.

Pedro Bezerra, o deputado, discrepou da orientação nacional do partido em votações na Câmara, e agora foi defenestrado do comando da sigla, hoje, fechada totalmente com o presidente Bolsonaro. E, exatamente  pelo seu alinhamento ao presidente da República, o partido no Ceará foi entregue a um dos principais adversários do esquema governista, no caso o deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL) que, por impedimento legal, indicou o seu filho Fellipe Cavalcante para presidi-lo.

O PTB não é uma grande agremiação, por isso a sua saída da base governista no Ceará tem, no momento, um efeito simbólico maior que o político. Se o partido contribuiu, nas últimas eleições, para garantir um pouco mais de tempo na propaganda eleitoral para os governistas, também é fato que foi beneficiado com a aliança. O partido, ao longo da parceria que manteve, sempre conseguiu eleger um deputado federal e, em 2016, o prefeito de Juazeiro do Norte. De qualquer modo, a oposição contando agora com o PTB, registra uma vitória na disputa de espaço com os governistas.

A oposição no Ceará, reconheçamos, é carente de nomes para enfrentar os seus concorrentes. Mas, além disso, a falta de tempo na propaganda no rádio e televisão, os importantes palanques das campanhas eleitorais do momento, é o grande entrave para a difusão de suas ideias e de confronto com os adversários. E o tempo da propaganda é definido pelo tamanho dos partidos na Câmara Federal. Quanto mais deputado tenha um partido, maior é o seu tempo. Assim, trabalha a oposição, com apoio da estrutura do Governo Federal, para conquistar mais partidos.

E, nesse objetivo, tem intensificado a sua perseguição em busca de tirar o PP da aliança governista no Ceará. Bem maior que o PTB, o PP atualmente é o partido mais próximo do presidente Bolsonaro. Aliás, o seu presidente nacional, senador piauiense Ciro Nogueira, é um dos nomes apontados para ser o candidato a vice na chapa de Bolsonaro. No Ceará o partido é presidido pelo deputado federal AJ Albuquerque, que tem o seu pai, o deputado estadual e secretário das Cidades, José Albuquerque (PDT), como o efetivo coordenador.

Além do interesse de Bolsonaro em fragilizar o grupo político aliado ao presidenciável Ciro Gomes, a oposição cearense está buscando a interferência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, uma influente liderança do PP, inimigo do senador Cid Gomes, para ajudá-la a ter o controle do partido. Não será fácil, embora em política não exista o impossível. Hoje, todos sabem, é muito forte a ligação do deputado AJ Albuquerque com a cúpula do PP, incluindo o próprio Lira.

Além disso, o que o partido é hoje no Ceará, dependeu do seu esforço conjugado com o do pai, deputado José Albuquerque, cuja filiação ao PP acontecerá na abertura da janela que permite a troca de partido, fortalecendo a base da agremiação para a disputa de 2022. A direção nacional do PP, pragmática como é, dificilmente se encantará, no momento, com as alegações da oposição cearense. A nebulosidade do quadro político nacional recomenda cautela na tomada de posições mais sérias.