Ernesto Araújo participou de audiência pública da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quarta (24) que as boas relações do governo com os principais países produtores de vacinas estão trazendo resultados significativos na importação de imunizantes e insumos para o combate à pandemia do coronavírus.

Ele negou atrasos nas compras de vacinas e no ritmo de imunização, e também refutou dificuldades de relacionamento com algumas nações.

Ernesto Araújo participou de audiência pública da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, onde foi criticado pela posição brasileira de não apoiar a quebra de patentes no enfrentamento da Covid-19.

O chanceler destacou as conversas com Estados Unidos, Reino Unido e Índia, que, segundo ele, resultaram em um portfólio diversificado de imunizantes. Ernesto Araújo acrescentou que mesmo os recentes conflitos com a embaixada da China no Brasil não prejudicaram a aproximação com o parceiro comercial nem a entrega de insumos para as vacinas.

O ministro salientou que o País é o quinto do mundo em número de vacinados e que é o melhor colocado entre as nações que não são autossuficientes na produção de imunizantes. Ele disse que, apesar da restrição de alguns países para exportar vacinas, o Brasil pretende comprar doses excedentes e comemorou também as perspectivas de produção nacional.

“Eu acho que não há nenhum outro país do mundo, não das nossas proporções, que, partindo de uma base sem produção de vacinas, sem disponibilidade de vacinas, tenha essa diversidade de portfólio e essa perspectiva de ganhar autonomia.”

Deputados governistas elogiaram os benefícios das relações com os países produtores de vacina e afirmaram que problemas no abastecimento dos imunizantes não são exclusivos do Brasil.

Já os deputados de oposição reclamaram de decisões do governo sobre a compra de vacinas e do tom otimista do chanceler, que contrastaria com a situação real da crise sanitária.

Patentes

Vários parlamentares questionaram a não adesão do Brasil ao pedido de quebra de patentes para facilitar a produção de vacinas e medicamentos para o tratamento da Covid-19. Ernesto Araújo informou que o governo adotou uma posição intermediária, alinhada à nova direção da Organização Mundial do Comércio (OMC), porque, segundo ele, não haveria garantia de que a quebra de patentes iria resultar em aumento na oferta de imunizantes e insumos.

“Nós fazemos parte dessa tentativa de criar uma coordenação geral, mundial, para produção de vacinas, sem a necessidade de uma quebra generalizada de patentes, que poderia desarticular todo o sistema de propriedade intelectual”, explicou. Araújo avalia positivamente o sistema de propriedade intelectual, que possibilitou, em tempo recorde, que várias empresas chegassem com vacinas ao mercado. “Não há indícios de abuso de preços, porque não há monopólio, as empresas todas estão colaborando, então não se vê essa necessidade (de quebrar patentes).”

Fonte: Agência Câmara de Notícias.