Fotos: divulgação.

Os dois maiores institutos especializados em pesquisas de opinião no Brasil publicaram, num intervalo de 24 horas, percentuais diferentes de preferência de votos para três candidatos a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner (PROS), José Sarto (PDT) e Luizianne Lins (PT). Para os demais postulantes, em situações bem inferiores daqueles, nem tanto. Para o eleitor menos atento, aquele para quem a pesquisa é apenas uma peça de animação da disputa eleitoral, esse sobe e desce da ordem dos candidatos gera confusão e desconfiança, embora isso seja previsível pela própria dinâmica da campanha, geradora constante de fatos novos por conta da intensa competitividade. O trabalho dos institutos merece respeito. As críticas e insatisfações são comuns em todas as competições. E na disputa eleitoral não poderia ser de outra forma.

A diferença do percentual de intenção de voto atribuído à candidata Luizianne, entre a pesquisa do Ibope publicada à noite de quarta-feira (04), e a pesquisa do Datafolha, conhecida 24 horas depois, é considerável. Chega a 6 pontos percentuais, retirando-a da faixa de empate técnico com os dois outros: Wagner e Sarto. Este, por sua vez, aparece com 3 pontos percentuais a menos, e aquele 2% a mais. As duas situações dentro da margem de erro. Esta observação, não tem nada de comparação entre uma e outra pesquisa, pois tal expediente não deve ser utilizado, mas serve apenas como argumentação para deixar claro que a mutação do posicionamento do eleitor está diretamente ligado ao fato novo mais próximo acontecido que o sensibiliza.

Mas o que aconteceu entre uma pesquisa e a outra? Tantas coisas, perceptivas e imperceptíveis. Cada eleitor tem um nível de agudez própria para a percepção das coisas. Não terá sido o fato de o candidato Sarto ter massificado as críticas contra as administrações da ex-prefeita Luizianne? Não teria sido o fato de o ex-presidente Lula ter aparecido mais na propaganda eleitoral pedindo votos para ela? Não será o reflexo da ausência de campanha da candidata nas ruas? Algo aconteceu e foi detectado pelo Datafolha. Mas as situações dos dois outros (Wagner e Sarto), ficaram praticamente inalteradas. Sim, ambos estão com situações mais consolidadas, mas mesmo assim podem ter sofrido alguns efeitos de fatos novos que não lhes permitiram crescer ou decrescer substancialmente. Suas oscilações não foram além dos percentuais de margem de erro das pesquisas.

Qualquer nova pesquisa que venha a ser feita, em Fortaleza, nos próximos dias, registrará os efeitos da entrada do presidente Bolsonaro, na campanha, pedindo votos para o Capitão Wagner, assim como a repercussão do segundo debate dos candidatos na TV, sábado, o primeiro foi na TV Otimista. Bolsonaro, nas redes sociais à noite de quinta-feira (05), com um cartaz exibindo a foto de Wagner e sua candidata a vice, pediu para o fortalezense votar no Capitão, e, até num gesto demagógico, diz que o Ceará é o segundo Estado dele. Os eleitores,  ouvidos pelos entrevistadores do Datafolha naquele dia, ainda não sabiam desse posicionamento do presidente, portanto, claro, a pesquisa não detectou esse fato novo na disputa na Capital cearense.

Até o próximo dia 15, quando os eleitores irão às urnas, ainda teremos muito tempo para o registro de fatos que podem alterar a ordem dos três candidatos apontada pelas pesquisas. Na semana que antecede o dia da votação, a próxima, por conta do acelerar da campanha, os candidatos fazem de tudo para consolidar e ampliar os seus apoios, momento, aliás, muito propício para o surgimento de atropelos e, consequentemente, de mudança no comportamento do eleitor. E se ainda for feita alguma pesquisa, antes da da boca de urna, no encerramento da votação, números diferentes dos de agora surgirão, posto ser a pesquisa o retrato de um momento, como os observadores atentos frequentemente dizem.

O jornalista Edison Silva comenta os números divergentes das pesquisas eleitorais, até aqui publicadas, para prefeito de Fortaleza. Veja: