Apesar do MDB estar compondo chapa majoritária com Heitor Férrer (SD), o vice-presidente do partido, Gaudêncio Lucena, apoia Capitão Wagner do PROS. Foto: Divulgação.

Após as eleições de 2018, mesmo perdendo metade do quadro de deputados federais eleitos no pleito anterior, o MDB (então PMDB), ficou com a quarta maior bancada na Câmara Federal, mantendo-se como um partido a ser cobiçado nas eleições. Aparentemente, isso não aconteceu em Fortaleza, e a agremiação, que chegou a dizer que lançaria candidatura própria, corre o risco de não eleger um vereador sequer para a Câmara Municipal na próxima legislatura.

Os problemas começaram logo que o partido resolveu apoiar o candidato do Solidariedade (SD), Heitor Férrer, a prefeito de Fortaleza. A maioria do grêmio teria defendido candidatura própria, o que não aconteceu. A sigla então indicou o deputado estadual Walter Cavalcante, presidente municipal do MDB, para compor a chapa majoritária, como postulante a vice-prefeito.

Do outro lado, o vice-presidente estadual do partido, o ex-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena, da ala bolsonarista do MDB, resolveu apoiar a candidatura de Capitão Wagner (PROS), inclusive, participando de eventos públicos do postulante. Lucena, junto com o irmão Carlos Gualter, doou R$ 200 mil para a campanha do republicano.

A falta de coesão do MDB entre líderes e liderados ocasionou a desistência de alguns quadros com potencial para a disputa eleitoral deste ano. O vereador Casimiro Neto (MDB) resolveu desistir de tentar a reeleição, segundo ele, por falta de apoio do partido, que teria sido desorganizado por Walter Cavalcante, o candidato a vice-prefeito.

Casimiro disse que vai apoiar o filho do deputado governista Tin Gomes, do PDT, Adam Gomes para vereador. Mas na disputa majoritária estará do lado de Capitão Wagner. Ou seja, mesmo sendo emedebista – já que disse que não deixaria os quadros do partido e tem o aval do presidente estadual Eunício Oliveira – o parlamentar não apoiará candidatos emedebistas, muito menos o postulante a prefeito apoiado, oficialmente, pelo partido, Heitor Férrer.

Questionado sobre essa questão, Casimiro lembrou que Walter Cavalcante, mesmo sendo candidato a vice-prefeito na chapa de Heitor Férrer, pede votos para o irmão, Frota Cavalcante (PSD), que apoia o candidato governista Sarto, do PDT.

De acordo com o portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até o momento, nenhum dos candidatos do MDB a vereador na Capital cearense recebeu recursos da legenda para tocar a campanha neste ano. Este, inclusive, segundo Casimiro Neto, foi um dos motivos para sua desistência. O ex-vereador Willame Correira, que presidiu o partido em Fortaleza, também renunciou à sua candidatura.

Para se ter uma ideia da situação emedebista, em 2016, além de Casimiro Neto, somente a ex-vereadora Magaly Marques obteve mais de 5 mil votos. Na disputa interna, inclusive, o parlamentar só foi eleito devido a quatro votos a mais que a colega. Na ocasião, com 50 postulantes, o MDB conseguiu 31.896 votos, garantindo assim uma única vaga à Casa Legislativa.

Puxador de votos

Eliane Novais, Willame Correia e Jorge Vieira foram outros candidatos emedebistas que conquistaram mais de 3 mil votos, mas no pleito deste ano não fazem mais parte da chapa do MDB. Dos 50 candidatos da legenda, em 2016, 17 obtiveram menos de 100 votos, enquanto que dez conseguiram pouco mais que uma centena de sufrágios.

Para a campanha deste ano, o partido conta com apenas 39 candidatos, nenhum puxador de votos, conforme afirmaram membros da legenda. O presidente estadual do MDB, Eunício Oliveira, pouco tem se envolvido nas discussões na Capital cearense, focando nas disputas no Interior do Estado.

Desse modo, o MDB, que já foi o principal partido em Fortaleza, elegendo e reelegendo prefeito, corre o risco de não ter um representante sequer na Câmara Municipal, a partir do próximo ano.