Em fevereiro deste ano lideranças do PT fecharam acordo em Fortaleza sobre o lançamento de Luizianne como pré-candidata à prefeita da Capital. Foto: Reprodução/Facebook.

Foram duas fortes emoções sentidas por Luizianne Lins, a candidata do PT à Prefeitura de Fortaleza, no curto espaço de 12 horas, entre a publicação da segunda pesquisa do Datafolha, sobre a sucessão municipal na Capital cearense, na quarta-feira (28) à noite, e a notícia destacada pelo jornal O Globo, na manhã de quinta-feira (29), dando conta de um encontro reservado do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) com o ex-presidente Lula (PT), sugerindo que a conversa dos dois tenha versado, principalmente, após as desculpas recíprocas, sobre uma estratégia de enfrentamento do crescimento da direita, liderada pelo presidente Bolsonaro, a partir do Ceará, concluindo ser a candidatura de Sarto, o apoiado por Ciro, o de maior chance para derrotar o Capitão Wagner (PROS), aliado de Bolsonaro.

Luizianne teve condições de oficializar sua candidatura, apesar das restrições de petistas cearenses, principalmente do governador Camilo Santana (PT), com respaldo da presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann. Ela esteve em Fortaleza, bem antes do prazo de escolha dos candidatos, reuniu a direção municipal do partido e outras lideranças da agremiação, e, à revelia de Camilo, que foi informado posteriormente do acontecido, deixou como irrecorrível a decisão de o PT ter Luizianne como candidata. Mas o governador continuou com o projeto de ter o seu partido coligado com o PDT, apoiando o nome que seria escolhido para representar o grupo governista na sucessão do prefeito Roberto Cláudio.

Lula foi a última parada de Camilo, na caminhada para conseguir o seu intento de ter PT e PDT juntos em Fortaleza. Publicamente, Camilo sempre defendeu um entendimento entre Lula e Ciro, mesmo antes da definição dos candidatos à Presidência da República, em 2018, quando, aliás, ele chegou a sugerir o apoio de Lula, àquela época ainda preso em Curitiba, à candidatura de Ciro. Outras lideranças nacionais do PT, ultimamente, passaram a corroborar com a tese do governador cearense e a defender um encontro pessoal desses dois líderes da oposição nacional. E quando setembro chegou, ainda sem candidaturas municipais oficializadas, aconteceu o encontro.

Não era conveniente publicizar aquela reunião, com Camilo presente, por algumas razões, sendo uma delas a de gerar melindre para a própria Luizianne, como de fato causou. Na mesma quinta-feira (29), a candidata utilizou-se das redes sociais para fazer o mais duro pronunciamento da campanha contra o grupo governista e seu candidato a prefeito, incluindo, também, o Capitão Wagner, cujo posicionamento nas pesquisas eleitorais o dá como certo no segundo turno da disputa pela Prefeitura da Capital cearense. Luizianne, que até então pontuava bem nas mesmas sondagens sobre as preferências dos eleitores, figurando à frente de Sarto, ficou atrás deste, sinalizando que só permanecerá na disputa até o próximo dia 15 de novembro, fim do primeiro turno.

Embora publicamente negando o encontro de Lula com o seu principal inimigo na política cearense, Ciro Gomes, em setembro passado, sabe Luizianne que o seu nome esteve no centro da conversa, não para beneficiá-la como candidata, mas para inibi-la de criar dificuldades maiores para o sucesso eleitoral do candidato governista. Ela está frustrada, sem dúvida. Agora, para a principal liderança nacional do PT, como o é para o comando do PDT, representado por Ciro Gomes, o interesse maior é derrotar Wagner, mas com o candidato Sarto, e não com ela, restando, para manter sua história de luta, voltar a ter o discurso virulento e ausentar-se totalmente do segundo turno da eleição, como Ciro fez para não votar em Haddad, quando saiu da disputa presidencial em outubro de 2018.

Veja a análise do jornalista Edison Silva sobre a aproximação do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) com o ex-presidente Lula (PT) e a repercussão na campanha eleitoral em Fortaleza: