Poderá ser mais uma eleição sem que os eleitores sejam bem esclarecidos para ter convicção em quem votar. Foto: Ascom/CNM.

A campanha eleitoral deste ano, embora há pouco tempo nas ruas, apesar das mudanças introduzidas pela Legislação Eleitoral, e as restrições impostas pela pandemia do coronavírus, continua igual, na sua essência, às últimas realizadas em Fortaleza: os candidatos distribuem suas agendas e nelas estão as carreatas, adesivaços, encontros com representantes de segmentos da sociedade e gravações dos programas de rádio e televisão para o horário da propaganda eleitoral a partir desta sexta-feira (09). O eleitor, em razão da mesmice, e por estar mais tempo em casa por conta das recomendações de se evitar contatos desnecessários com o mundo externo, por certo guarda alguma frustração de ainda não conhecer as ideias dos que pretendem governar a Capital cearense nos próximos quatro anos.

Não estão sintonizados com o momento atual os candidatos a prefeito que já participaram de outras eleições em Fortaleza. Heitor Férrer, Capitão Wagner e Luizianne Lins estão com o mesmo tipo de campanha feito em tempos normais passados. Os demais, veteranos em disputas: Roseno, Sarto, Célio Studart, Heitor Freire, todos detentores de mandatos eletivos, assim como Anízio Melo, Samuel Braga, José Loureto e Paula Colares, em nada inovaram na luta pela perseguição do voto.

O horário destinado aos candidatos, na chamada propaganda eleitoral, que é de fato para eles falarem com clareza e objetividade ao eleitor sobre seus projetos e propostas para uma Fortaleza melhor, também pela exiguidade do tempo, será mais uma oportunidade de frustração para o eleitor interessado em escolher, dentre os onze postulantes, aquele que lhe pareça o melhor. Tem candidato com tempo tão limitado que só vai poder imitar o candidato a presidente da República que só podia dizer: “Meu nome é Enéas”. Assim, mais uma eleição transcorrerá sem que os eleitores sejam bem esclarecidos para ter convicção em quem votar, optando por um outro postulante pela influência de um terceiro, que, sabe-se lá por qual interesse defende o nome que aponta.

Mas, se quase tudo está igual a todas as outras campanhas eleitorais, nesta, pelas razões das mudanças de hábitos impostas pela pandemia, a reta final pode ser muito diferente daquelas que, mesmo o eleitor sabendo quase nada ou muito pouco sobre as ideias e projetos dos candidatos, ia às urnas cumprir uma obrigação, não praticando um ato cívico. E a diferença entre a disputa atual e as pretéritas está exatamente no fato de o eleitor, por não estar motivado, deixar de comparecer às urnas por conta do temor de contrair o apavorante vírus e pela quase certeza de nada sofrer por sua ausência à seção eleitoral, ou, mesmo que não seja aprovada uma lei isentando os faltosos da pequena multa, decidir pagá-la quando a oportunidade o exigir.

A ausência dos eleitores, ampliando o número de abstenções, prejudica sim os candidatos majoritários, mas nunca como os postulantes a vagas na Câmara Municipal, embora estes sejam os que mais contribuem para o eleitor ir votar. O candidato a vereador, em todas as circunstâncias, é o político que sempre está mais próximo do eleitor. O voto dado a ele é quase sempre por gratidão ou por amizade, bem diferente daquele depositado para o candidato a prefeito. Este, precisa ter um discurso diferente para sensibilizar o eleitor. Ainda é possível mudar, sobretudo na boa utilização dos espaços das redes sociais.

Jornalista Edison Silva observa que, mesmo nestes tempos de pandemia do coronavírus, as campanhas eleitorais em Fortaleza se apresentam como de anos passados: