Em 2016, Roberto Cláudio era candidato pelo PDT, e Heitor Férrer pelo PSB. Foto: Divulgação.

Parece que foi há muito tempo, mas tem menos de quatro anos. As eleições de 2016 consolidaram a liderança local do prefeito Roberto Cláudio, mas também apresentaram, de forma mais contundente, a ascensão daquele que atualmente é o principal opositor à candidatura governista, o deputado federal Capitão Wagner. Com a troca de partidos, extinção e incorporação de agremiações, além de alianças, hoje impensáveis, a disputa eleitoral daquele ano tem influência direta na campanha de 2020, que inicia oficialmente neste domingo (27).

O Blog do Edison Silva fez um levantamento para mostrar o que mudou durante este tempo, em que a dinâmica política, mais uma vez, se sobressaiu diante dos fatos. O primeiro turno das eleições de 2016 foi composto por oito candidaturas: Roberto Cláudio (PDT), Capitão Wagner (PR), Luizianne Lins (PT), Heitor Férrer (PSB), Ronaldo Martins (PRB), Tin Gomes (PHS), João Alfredo (PSOL) e Francisco Gonzaga (PSTU).

Com 524.973 votos (40.81%), Roberto Cláudio foi para o segundo turno contra Capitão Wagner, então no PR (atual PL), que obteve 400.802 sufrágios, cerca de 31.15% do total de votos. No segundo turno, Roberto Cláudio foi reeleito com 53.57% dos votos válidos, enquanto que o republicano conquistou 46.43% da preferência do eleitorado.

A coligação governista, que tinha Roberto Cláudio como candidato do PDT à reeleição, e Moroni Torgan do DEM postulando a vaga de vice-prefeito, era formada por 18 partidos, a maioria, atualmente, fora do arco de aliança em torno de Sarto (PDT). Estavam ao lado do prefeito reeleito além do PDT, o PP, DEM, PEN (hoje Patriota), PSC, PSDC (atual DC), PRTB, PTC, PPS (hoje Cidadania), PTN (hoje Podemos), PPL (extinto), PSL, PV, PTB, PSD, PROS, PMB, PCdoB.

No decorrer dos últimos anos, mais especificamente nos dez primeiros meses passados, o Governo Municipal viu a maioria desses partidos migrar para a oposição. Mas onde estão esses grêmios no pleito de 2020? O PROS atualmente é comandado por Capitão Wagner no Ceará, que conta com o apoio de PSC, DC, PTC, Podemos e PMB.

O PRTB e o PSL dão sustentação à candidatura de Heitor Freire, opositor da gestão atual. O Patriota lançou Samuel Braga como candidato a prefeito, assim como o PCdoB, que apostou em Anízio Melo. O PV também tem candidatura própria lançada, a de Célio Studart. Essas três siglas, porém, mantêm diálogo com a atual gestão.

Os únicos partidos que permaneceram na base do Governo, e atuam na coligação de Sarto, são o PDT, o PP, DEM, Cidadania (antigo PPS), PTB e PSD, que se somam a PSDB, Rede, PL (que era o partido de Wagner em 2016) e PSB. PSB e Rede, porém, no pleito municipal de quatro anos atrás, davam sustentação ao candidato Heitor Férrer, atualmente filiado ao SD.

A coligação do prefeito reeleito teve receitas totais de R$ 10,4 milhões, mas gastou R$ 10,3 milhões, tendo como resultado final sobras financeiras. Os maiores doadores da campanha de Roberto Cláudio foram o PDT (R$ 993 mil), Prisco Bezerra (R$ 600 mil), Gerardo Bezerra (R$ 600 mil), Alexandre Grendene (R$ 600 mil), a direção do PP (R$ 575 mil), Pedro Grendene (R$ 400 mil) e Fernando Gurgel (R$ 350 mil).

No pleito deste ano Capitão Wagner perdeu o apoio do PSDB e MDB. Foto: Divulgação.

Capitão Wagner era candidato pelo PR (atual PL) e encabeçava coligação formada por PMDB, PR, PSDB e SD. Nenhuma dessas legendas, atualmente, está inserida no arco de aliança do republicano. O PL e o PSDB estão, oficialmente, alinhados com Sarto, do PDT. O MDB e o SD fecharam questão com a chapa que tem Heitor Férrer (SD) como candidato a prefeito.

No pleito de 2016, quando Wagner foi derrotado no segundo turno das eleições para Roberto Cláudio, ele conseguiu atrair para sua candidatura receitas no valor total de R$ 3,6 milhões. A maior parte oriunda do PR, com R$ 1,1 milhão, e PSDB R$ 1,1 milhão, além de R$ 799 mil do MDB.

O empresário Beto Studart doou R$ 200 mil para a campanha de Wagner, o mesmo valor doado por Gaudêncio Lucena, à época candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Wagner. No pleito deste ano, o vice-presidente do MDB do Ceará mantém posição de apoio a Wagner, mesmo a sigla emedebista tendo candidatura própria a vice-prefeito de Heitor Férrer (SD). No entanto, Wagner utilizou R$ 6,1 milhões na campanha de 2016, o que o fez contrair uma dívida de R$ 2,5 milhões.

O Republicanos, atualmente na coligação de Capitão Wagner, lançou Ronaldo Martins candidato a prefeito, e no segundo turno apoiou a candidatura governista, assim como o PHS, PRP, PMN e PTdoB, que apoiaram, no primeiro turno, candidatura de Tin Gomes, e no segundo, a de Roberto Cláudio. Todas essas legendas, incorporadas ou extintas, atualmente, estão coligadas com Capitão Wagner.

Em 2016, o PSTU também lançou candidatura própria. Mas neste ano, resolveu investir apenas em candidatos à Câmara Municipal. O PSOL, que apostou em João Alfredo na cabeça de chapa formada com PCB, volta à disputa majoritária deste ano com Renato Roseno, mas manteve a candidata à vice de quatro anos atrás, Raquel Lima.

Dívida

Assim como em 2016, a deputada federal Luizianne Lins mantém o isolamento do Partido dos Trabalhadores, e segue para a campanha com chapa pura. Naquele pleito, ela esteve ao lado do deputado estadual Elmano de Freitas como candidato a vice. Hoje, ele postula a gestão da Prefeitura de Caucaia.

Luizianne Lins, que foi prefeita de Fortaleza do início de 2005 ao término de 2012, conseguiu atrair para sua última campanha cerca de R$ 1,3 milhão, mas teve despesa de, praticamente,  mesmo valor, ficando com dívida de campanha no total de R$ 115 mil.

Novos tempos

Para além das mudanças partidárias e de alianças, o pleito deste ano será marcado também por mudanças na legislação eleitoral, bem como do próprio processo das eleições, já com datas alteradas para sua realização. As convenções, que em 2016 visavam atrair o maior número de pessoas possíveis, em 2020 foram cada vez mais tímidas, sem aglomeração, a maioria transmitida pelas redes sociais. Sinais de novos tempos em dias pandêmicos, em que o respeito ao distanciamento e à vida foram atendidos por, praticamente, todas as agremiações.