Ailton Lopes é entusiasta da candidatura própria do deputado Renato Roseno a prefeito de Fortaleza. Foto: Divulgação.

O presidente do PSOL, Ailton Lopes, não está admitindo a possibilidade de uma aliança com o Partido dos Trabalhadores no pleito deste ano, como vem defendendo setores da sigla petista em Fortaleza. De acordo com o dirigente, ainda que apoie um projeto contra o “bolsonarismo” no Estado, é preciso que os eventuais aliados revejam algumas políticas que foram adotadas nos governos da ex-prefeita Luizianne Lins e, atualmente, na gestão do governador Camilo Santana, que contaram com apoio de parlamentares do PT na Assembleia Legislativa.

Para além dos interesses particulares das legendas de esquerda, conforme mostrou o Blog do Edison Silva, há ainda conflitos em determinadas pautas. O presidente do Partido dos Trabalhadores, o vereador Guilherme Sampaio, defende uma aliança não somente com PSOL, mas também com PCB, PCdoB, PSB, PSTU e UP. Quase todas as siglas apresentaram nomes para a disputa eleitoral deste ano.

Uma das reclamações da direção do PSOL, que por ora inviabilizam a possibilidade de adesão ao projeto da chamada “Frente Popular de Esquerda” diz respeito: aprovação da reforma Previdenciária estadual, rejeição a garantias mínimas para retorno às aulas, projeto apresentado pelo PSOL. Há também uma crítica constante do PSOL contra a política de segurança implementada pelo Governo do governador Camilo Santana, petista com o principal cargo político no Estado.

Segundo Ailton Lopes, foi no Governo da ex-prefeita Luizianne Lins, agora pré-candidata ao Executivo municipal, que a Prefeitura militarizou a Guarda. O socialista questiona se a sigla petista está disposta a rever tais posturas. Outro ponto que coloca em lados opostos PT e PSOL no Ceará é a aliança entre petistas e o grupo dos irmãos Ciro e Cid Gomes.

“Como pode ser contra o bolsonarismo e o ataque a direitos que foi a Reforma da Previdência no plano Federal, e no plano Estadual o Governo do PT, com sua bancada parlamentar e usando o trator da base que tem na Assembleia, aprovar a reforma da Previdência em nível estadual? Num prazo muito mais acelerado que o feito pelo Governo Bolsonaro e ainda utilizando a repressão contra professores”, lembrou o socialista.

Segundo ele, “tentar reduzir a questão das alianças eleitorais a meras buscas de espaços e interesses particulares de cada partido é o que faz quem vê a política apenas um meio ou de se perpetuar no poder ou de ganhar cargos e estrutura na máquina”. Para Lopes, “a política diz respeito às vidas das pessoas”.

Governo

Ele lembrou ainda que o deputado Renato Roseno, pré-candidato a prefeito pelo PSOL em Fortaleza, apresentou um projeto para garantir condições mínimas de segurança sanitária para o retorno às aulas nas escolas públicas, quando isso ocorrer. “O que fez a base do governo na Assembleia, incluindo o PT? Derrubou nosso projeto que garantia condições de saúde aos nossos estudantes”.

“O governo de Camilo Santana adota uma política de segurança tendo como alicerce a repressão. É como o Estado chega na periferia, com a repressão. E o que a gente tem visto é nossa juventude vítima da violência. A guarda municipal foi militarizada na gestão de Luizianne. É esse nosso projeto de segurança pública? O PT precisa responder a essas questões, se está disposto a rever essas posturas, se está disposto a rever a aliança que fez com os Ferreira Gomes no Estado” – (Ailton Lopes)

Bolsonarismo

Já há algum tempo setores minoritários no PSOL têm sido entusiastas de uma aliança com o Partido dos Trabalhadores, em Fortaleza. Alguns petistas, dentre eles o presidente da municipal, Guilherme Sampaio, também veem com bons olhos essa proximidade. Ailton Lopes, porém, desde o início desse debate tem demonstrado estar pouco à vontade com tal proximidade.

“Há sim diferenças políticas que precisam ser debatidas de forma transparente. Derrotar o bolsonarismo é derrotar esse projeto que militariza ainda mais os espaços de nossas vidas, que retira direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. E isso passa por uma mudança na forma de fazer política quando se é gestão”, concluiu o socialista.