A espera comum pelo fim de semana para quem trabalha de segunda a sexta, até o final da tarde, encerra um período de responsabilidades, tarefas, deveres e decisões. A partir desse momento, as livres escolhas, as preferências dos lugares para encontrar os amigos, celebrar o trivial e a festa dos brindes, o degustar de bons vinhos e saborear os destaques das boas sugestões dos cardápios. Sair, comer, beber, ir ao encontro de boas companhias perfumadas, tudo isso significa liberdade e, dentro desse conceito, o livre arbítrio.

Tudo isso acabou e nos nivelou dentro de uma mesma sentença cuja pena arbitrada é conveniente, mas ao mesmo tempo confusa para uns, revoltante para outros, ao mesmo tempo em que é lógica. Ficar em casa por livre vontade é uma coisa; ficar em casa por orientação ou, pior, por determinação das autoridades competentes é outra.

Bares, restaurantes, parques, praias, cinemas, teatros, avenidas, tudo “proibido” dentro do bom senso e coerência diante de uma ameaça silenciosa de um inimigo formidável, não obstante sua pequenez microscópia: o antipático COVID-19! Uma semana confinado dentro de casa com familiares, gatos, cachorros, papagaios, deixou de ser engraçado, mas com o passar dos dias, das notícias, do agravamento da pandemia e da contabilidade irritante e repetitiva dos contaminados e do número de mortos; da relegação a um quadrado incômodo onde se resolveu colocar pessoas idosas, agora chamadas de pertencentes a um Grupo de Risco, é muito desagradável.

Muito. Até quando? E depois desse quando indefinido? Sem remédio para curar os acometidos, sem vacina para prevenir os ainda sadios, paira no ar, além da ameaça do vírus, a dimensão do caos. Enquanto os horizontes não estão nítidos e as fronteiras não estão definidas, o confinamento começa a mostrar suas caras e consequências. Um só exemplo para ilustrar esse cenário foi a violência de um homem que tentou entrar em um supermercado sem o mínimo de respeito aos cuidados sugeridos, pedidos, e agora determinados pela autoridades da saúde. A vítima foi uma pessoa que nada tinha a ver com a explosão de nervos desse homem. Uma mulher morreu atingida por um tiro.

Dentro de casa, somem-se opiniões diferentes, preferências musicais, preferências de programas, filmes, as notícias sempre ruins, o latido dos cachorros, as reclamações, tudo isso junto e misturado, mexendo com os nervos de todos que estão à flor da pele.

Texto de A. Capibaribe Neto

Especial para o Blog do Edison Silva