Deputado Capitão Wagner evita falar sobre o problema do PROS. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados.

O caso do PROS (Partido Republicano da Ordem Social), aqui parcialmente tratado na edição do dia 20 de janeiro passado, foi um dos principais destaques do programa Fantástico (TV Globo), do último domingo (16). Eurípedes Júnior (Eurípedes Gomes de Macedo Júnior), presidente nacional da agremiação, é acusado de desvio de recursos do partido, e de fraudar prestações de contas de candidatos nas eleições de 2018. A matéria apresentada pela televisão é muito forte, motiva repulsa, além de causar um prejuízo enorme aos filiados, sobretudo os pretensos candidatos a cargos majoritários, como é o caso do deputado federal Capitão Wagner, já em campanha pela Prefeitura de Fortaleza.

Wagner tem evitado falar sobre essa vergonhosa questão do seu partido. Na verdade, quanto mais associado estiver o seu nome ao PROS, mais dificuldade terá de falar sobre combate à corrupção e desvio de recursos públicos, crimes dos quais é acusado Eurípedes. Antes de ser comandado por Wagner, o partido em questão era abrigo do grupo político liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes. Como aqui já dissemos, na oportunidade anterior, o PROS foi a solução encontrada pelos irmãos, hoje albergados no PDT, para a disputa eleitoral de 2014, quando os cearenses divergiram da direção do PSB, onde estavam na oportunidade, por conta da disputa presidencial. Os irmãos queriam que o PSB apoiasse a reeleição de Dilma Rousseff, mas Eduardo Campos queria e foi candidato a presidente da República, embora tenha sido vítima de um acidente aéreo no curso da campanha.

Também registramos, neste espaço, em janeiro passado, que o grupo de Ciro e Cid Gomes demorou pouco no PROS, exatamente por conta, dentre outras dificuldades, de suspeita da má gestão dos recursos do partido. Assim as falcatruas denunciadas pela televisão, no domingo, parecem estar enraizadas no PROS, embora a Justiça Eleitoral, independentemente do exame das contas de campanha dos candidatos, anualmente tenha que conhecer a prestação de contas dos recursos do Fundo Partidário, que ela libera para todos os partidos de acordo com sua representação na Câmara dos Deputados. A denúncia do domingo justifica, a bem da moralidade e em respeito à cidadania, uma tomada de conta especial por parte do Tribunal Superior Eleitoral.

Esse fato, a propagação nacional da malversação dos recursos públicos destinados ao PROS, sem dúvida, consolidará a ideia de Wagner de mudar de partido, embora ele também evite tratar desse tema. O escândalo, por si só, já garantiria ao deputado o direito de sair da sigla sem sofrer as consequências da Lei que trata da infidelidade partidária. Porém, falta pouco para a abertura da “janela” que permite a livre troca de legenda, garantindo-lhe por óbvio, um tempo a mais para negociar o seu ingresso em uma agremiação menos desgastante, livrando-o do constrangimento, no curso da campanha deste ano, de dar, constantemente, esclarecimentos sobre os crimes de corrupção e enriquecimento ilícito atribuídos ao presidente do seu partido.