Lucílvio Girão e Heitor Férrer durante sessão deliberativa. Foto: Blog do Edison Silva.

O Plenário 13 de Maio já não é tão atrativo como outrora. Pelo menos para aqueles parlamentares veteranos na Assembleia Legislativa. O gosto pelo ato de se pronunciar dia após dia, trazendo discussões sobre os mais variados assuntos da cidade, se perdeu no tempo para deputados com vários mandatos na Casa.

Em legislaturas passadas, com uma oposição mais atuante, e a necessidade de maior defesa da gestão, governistas e opositores disputavam o púlpito do plenário da Casa, o que já não acontece nos dias de hoje. Isso tem feito com que alguns parlamentares que tinham gosto pelo uso da tribuna, agora, passem ao largo das discussões do Legislativo Estadual.

Eles culpam, principalmente, a falta de uma oposição robusta, que faça com que a base governista se imponha diante de qualquer ataque sofrido, bem como o grande número de aliados do governador Camilo Santana, que comumente, aparece em maior número somente às quintas-feiras, quando das plenárias deliberativas de matérias oriundas do Executivo Estadual.

Em seu quinto mandato de deputado estadual, Lucilvio Girão (PP), afirmou que, por conta da falta de embates mais qualificados, alguns parlamentares acabam por se acomodar, inclusive ele, e evitam estar no plenário. No entanto, ele destaca que há uma vida legislativa para além das discussões em plenário, como nas visitas a secretarias e às bases eleitorais.

“O problema é que a Casa não tem mais deputados importantes, como no passado, que faziam um bom debate. Tínhamos aqui o deputado Roberto Mesquita, o Audic Mota era da oposição, o Agenor Neto, o Leonardo Araújo. O Leonardo chegava a dormir aqui na Casa para pegar os melhores tempos de fala” , apontou Lucílvio.

Segundo ele, a oposição na Assembleia, atualmente, se resume aos deputados Heitor Férrer, Renato Roseno e Fernanda Pessoa, que são aqueles que fazem um maior embate sobre questões relacionadas à gestão Camilo Santana. “O embate era forte e agora não. Por isso os deputados não querem vir para cá, acabam se acomodando um pouco”, confessou.

Para o deputado Heitor Férrer (SD), o responsável pela apatia da Casa, principalmente, entre os veteranos se dá por conta do pouco substrato oferecido pela gestão Camilo Santana. “O Governo Camilo é insípido, inodoro e incolor. É amorfo. Tanto é que a gente que é da oposição não tem matéria-prima para denunciar”.

Ainda segundo ele, a base governista que deveria estar no plenário em defesa do Governo se sente desnecessária para a função. “Os veteranos, esses é que não vêm mesmo. Porque isso aqui é um sepulcro para eles. Ele perde o ânimo de vir para a Assembleia, a não ser às quintas-feiras”.

Vice-presidente da Assembleia Legislativa nas duas últimas legislaturas, o deputado Tin Gomes (PDT), no seu terceiro mandato, é um dos parlamentares que têm preferido comparecer à Casa somente nas sessões deliberativas. De acordo com ele, seu perfil não é o de fazer defesa de projetos de sua autoria ou de ficar debatendo em plenário, mas de atuar nos bastidores e junto às suas bases eleitorais. Gomes, enquanto vice-presidente da Assembleia quase todo dia estava presidindo a sessão. Depois da eleição da nova Mesa Diretora da Casa, quando ele foi preterido para ser presidente, ele deixou de frequentar o plenário com a frequência anterior.

Antônio Granja (PDT) já seu sexto mandato, assim como Tin Gomes, que está no seu terceiro mandato, e desde o início de sua atuação parlamentar, prefere os bastidores do que o púlpito do Plenário 13 de Maio. Com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais ausente das sessões ordinárias da Casa. João Jaime (DEM) é outro que, ao migrar da oposição para a base governista, participa cada vez menos dos debates do Legislativo Estadual, além de muito pouco tempo dedicar ao plenário da Casa.

Presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto, ao lado do deputado Carlos Felipe. Foto: Blog do Edison Silva.

Desânimo com a Casa

Até o decano Fernando Hugo (PP), que completará 30 anos na função de deputado estadual tem andado menos no plenário. Quando faz uso da palavra, o parlamentar prefere ser um dos primeiros a utilizar o púlpito. Logo em seguida, deixa o local e vai atender em seu gabinete.

Já na Legislatura passada, o ex-líder do Governo, José Sarto (PDT), demonstrava desânimo com a Casa. No seu quinto mandato, o parlamentar acreditava que já havia se dedicado muito na defesa da gestão, e aproveitou boa parte de seu tempo livre para cursos e aprimoramento de seus conhecimentos.

Numa reviravolta há tempos esperada, ele foi escolhido pelo bloco governista como o nome que iria presidir o Legislativo Estadual pelos próximos dois anos. Por duas vezes, nos últimos meses, ocupou o maior cargo público do Ceará, o de governador do Estado.

Deputados com mais mandatos na Assembleia do Ceará

Fernando Hugo
José Sarto
Lucílvio Girão
Zezinho Albuquerque*
Sérgio Aguiar
Heitor Férrer
Tin Gomes
João Jaime
Fernanda Pessoa
Antônio Granja
Júlio Cesar Filho

*licenciado.