Renato Roseno conclamou o governador a criar mecanismos para a diminuição das mortes causadas por agentes públicos de segurança. Foto: ALECE

O deputado Renato Roseno (PSOL) lamentou o falecimento do adolescente Juan Ferreira dos Santos, de 14 anos, durante o primeiro expediente da sessão plenária desta quarta-feira (18). Ele foi foi morto com um tiro na cabeça durante abordagem policial no bairro Vicente Pinzón, na última sexta-feira (13).

O parlamentar conclamou que haja uma reparação por parte do governador Camilo Santana e propôs a criação de um programa de “redução da letalidade policial”. “Uma reparação não precisa ser material, pode ser simbólica, e é algo que essas mães esperam, pois elas já me disseram isso”, afirmou Roseno, ressaltando que não parecem haver dúvidas de que o projétil que matou Juan partiu de um policial do Estado, tanto que o agente foi preso no presídio militar, pela própria corporação.

Crescimento no número de casos

Roseno afirmou que houve um aumento de 439% nas mortes causadas por intervenções da Polícia cearense nos últimos seis anos, muito maior do que os aumentos registrados em outros estados brasileiros. Em 2013, foram 41 mortes em 2013, enquanto em 2018 esse número chegou a 219. “Temos que trabalhar pela redução dessa letalidade, assim como dos abusos e desvios de conduta cometidos”, completou.

O parlamentar lembrou ser também um defensor dos direitos dos policiais, listando cinco pautas principais de seu mandato no tocante à segurança pública: lutar pela garantias de boas remunerações e carreiras fortalecidas; formação adequada dos agentes; melhoria dos equipamentos à disposição dos agentes; atenção psicossocial e integridade dos agentes.

“Não sou técnico em abordagem policial, mas mesmo sem ser, digo que uma morte causada em uma intervenção como essa que aconteceu não deve ser naturalizada, e sim considerada uma excepcionalidade”, disse o deputado. Ele rogou que o Governo do Estado crie um programa ou, pelo menos, discuta com a sociedade a temática da redução da letalidade policial nas abordagens.

Polícia x Juventude

Por fim, Renato Roseno afirmou que saraus literários e até encontros promovidos pelo programa Ceará Pacífico – voltados para a juventude – são interrompidos pelas forças policiais. “As comunidades olham para a Polícia com sentimento de medo, e isso não deve acontecer”, ponderou.

Em aparte, o deputado Tony Brito (PROS), que é policial civil, considerou que essa truculência percebida nas abordagens pode vir do tratamento recebido pelos policiais nas instituições policiais. Ele também sugeriu que o policial deve ser inserido na comunidade e trabalhar junto com ela, “justamente para evitar esse tipo de relação que gera esses resultados”.